domingo, 23 de novembro de 2008

"John Carpenter's Riot": hail to the king

Enquanto temos acompanhado a sua filmografia única e mítica na retrospectiva actualmente a decorrer na Cinemateca, eis que John Carpenter está finalmente de volta às longas-metragens com um filme intitulado "Riot", desde já previsto para uma estreia americana em 2009.
Neste momento em pré-produção, sabemos que o actor principal será Nicolas Cage (o homem parece ter recuperado o bom senso ao voltar a trabalhar com verdadeiros cineastas: Alex Proyas, Werner Herzog, Matthew Vaughn e claro o mestre do fantástico) e a história a seguinte:
No âmbito de um programa de prevenção do crime chamado Scared Straight, o filho deliquente de um governador é enviado para a prisão por um suposto curto período de tempo. Mas quando rebenta um motim dentro da prisão, o rapaz é tomado como refém, obrigando o condenado à prisão perpétua Karl Rix (Nicolas Cage) a tentar protegê-lo.
Após o fenomenal "Assault on Precinct 13th" datado de 1976, John Carpenter está de regresso ao ambiente carceral marcado pelo confronto entre polícias e prisioneiros, onde haverá multidimensionalidade das personagens e lei da sobrevivência em espaços fechados e claustrofóbicos.
Até descobrir o que será certamente mais um grande filme do mestre (que saudades das suas personagens ambíguas e míticas, da sua gestão incomparável do espaço e do seu rigoroso classicismo de escala de planos), fica aqui o primeiro promo art do filme.

sábado, 22 de novembro de 2008

"The Wrestler": welcome to the jungle

O aguardado e ultra aclamado "The Wrestler" de Darren Aronofsky tem finalmente um verdadeiro trailer para exibir.
Visualmente muito longe dos seus trabalhos anteriores, Aronofsky escolheu o estilo documentário e cinema vérité para mostrar o backstage da luta livre americana e contar o drama humano de um lutador has been que falhou a sua vida, interpretado por um Mickey Rourke que parece fenomenal num papel com toques autobiográficos. Já cheira a pelo menos uma nomeação ao Oscar de melhor actor.

(clicar no poster para aceder ao trailer)

"Coraline": Alice in Wonderland

A fabulosa obra do grande Neil Gaiman está pouco a pouco a ser finalmente adaptada para o grande ecrã. Após o excelente "Stardust" de Matthew Vaughn, é agora o livro "Coraline" que está prestes a estrear nas salas de cinema, mais precisamente a 6 de Fevereiro 2009 nos Estados Unidos.
A cargo de Henry Selick, excelente realizador de "The Nightmare Before Christmas" e "James and the Giant Peach", injustamente ofuscado por Tim Burton nos olhos do público mas que, quando se vê o fraco resultado de "Tim Burton's Corpse Bride", não deixa dúvidas sobre a implicação decisiva de Selick na qualidade de "The Nightmare Before Christmas", "Coraline" é um filme de animação em stop motion, sem dúvida uma boa ideia para ilustrar sem restrições todo o imaginário grandioso de Neil Gaiman.
A história segue a jovem Coraline que descobre uma porta secreta na sua nova casa que, uma vez atravessada, revela uma versão alternativa da sua vida. Essa realidade paralela é aparantemente idêntica à sua vida real mas revela-se muito melhor. Todavia, quando a sua aventura começa a ficar perigosa e que os seus pseudo-pais decidem guardá-la para sempre, Coraline terá de lutar com engenho e coragem para conseguir regressar a casa e salvar a sua verdadeira família.
O trailer agora divulgado é simplesmente brilhante e deixa antever um belo momento cinematográfico de imaginação sem limites e de poesia macabra e delirante. A fluidez da realização de Henry Selick é mais uma vez exemplar e o recurso a um quadro recheado até ao tutano de cores, ideias e acção parece imprimir um ritmo narrativo empolgante e deslumbre visual constante.
Cá está portanto mais um filme para adicionar à lista dos filmes de 2009 que nos tarda descobrir. Enjoy!

(clicar no poster para aceder ao trailer)

"La Horde": primeira foto

Já falámos aqui de "La Horde", filme francês de acção com zombies realizado pela dupla Yannick Dahan e Benjamin Rocher.
Enquanto a rodagem do filme se aproxima do fim, aproveitamos para divulgar uma primeira foto de um dos zombies particularmente badass. E badass será sem dúvida a palavra de ordem de "La Horde" como comprovam as várias entrevistas e um vídeo do primeiro dia de rodagem (tudo em francês) aos quais podem aceder ao clicar na foto.
Estamos portanto cada vez mais confiantes e impacientes por descobrir este filme sem concessões e perfeitamente assumido como uma homenagem ao cinema de género. Vamos ter que esperar pelo decorrer de 2009 mas até lá voltaremos de certeza com um trailer digno desse nome. Stay tuned!

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

"Four Flies on Grey Velvet": finalmente um DVD

Boa notícia para os apreciadores de Dario Argento período anos 70 e coleccionadores de DVD's (como eu basicamente), um dos seus mais raros filmes, o giallo "Four Flies on Grey Velvet" datado de 1971 e último filme da sua chamada "trilogia animal" após "The Bird with the Crystal Plumage" e "The Cat o' Nine Tails", vai finalmente ser editado em suporte digital no próximo dia 24 de Fevereiro 2009.
Essa edição DVD será composta pela versão integral do filme remasterisada com pistas de áudio em italiano e em inglês e por alguns suplementos como o trailer, um génerico alternativo e uma galeria de fotos. Já sabem portanto o que é que vos resta fazer!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

"Where the Wild Things Are": being Spike Jonze

Cá estão algumas novidades sobre o novo filme de Spike Jonze, o brilhante realizador de "Being John Malkovich" e "Adaptation.", que andava desaparecido desde 2002.
O seu próximo filme actualmente em pós-produção intitula-se "Where the Wild Things Are" e é a adaptação do livro homónimo de Maurice Sendak, um clássico da literatura para crianças. A história segue o pequeno Max que, após ter sido castigado ao ir-se deitar sem jantar, cria o seu próprio mundo, uma floresta povoada de ferozes criaturas selvagens onde Max é rei.
Rodado há já mais de dois anos, o filme prepara-se finalmente a estrear nos Estados Unidos mas somente em 16 de Outubro 2009. Tal atraso deveu-se mais uma vez aos eternos problemas com o estúdio, neste caso a Warner, o que sempre acontece quando um realizador/autor decide fazer um filme diferente e arriscado. Mas desta vez parecer que o cineasta em causa saiu vencedor do braço de ferro ocorrido durante a pós-produção.
Até termos direito a um trailer, fica aqui uma primeira imagem do filme, desde já bela e intrigante, sendo que Spike Jonze vai de certeza nos surpreender e encantar.

"The Spirit": novo poster

terça-feira, 18 de novembro de 2008

"Ip Man": once upon a time in china...

"Fearless" meets "Fist of Legend" à frente das câmaras de Wilson Yip, fazendo de "Ip Man" uma potencial futura bombaça do género do filme de artes marciais. E eu gostava de me reencarnar em Donnie Yen, é possível?

"The Curious Case of Benjamin Button": novo poster

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

"The Broken Imago": teaser-trailer

Temos vindo a falar de "The Broken Imago", o novo filme de Douglas Buck, o jovem realizador de "Family Portraits" e "Sisters", que no nosso entender não tem tido o destaque que merece.
Depois do poster e de uma galeria de fotos bem creepy, é o teaser-trailer que chegou agora à Net e, o menos que se pode dizer, é que o filme deverá ser brutalmente doentio e perturbador.
Esperemos que seja desta que o cineasta dê definitivamente nas vistas, para nós pelo menos, "The Broken Imago" já é um dos filmes de terror mais esperados do ano que vem. 'nuff said!

(clicar na foto para aceder ao teaser-trailer)

domingo, 16 de novembro de 2008

"Watchmen": definitivamente o filme mais aguardado de 2009!

Depois de 2 fabulosos trailers, de variadíssimos posters e fotos e também de várias reviews positivas de alguns privilegiados que já descobriram cerca de 27 minutos do filme (mais precisamente 3 cenas específicas), aqui está o último trailer do "Watchmen" de Zack Snyder.
Pensávamos que a pressão não poderia estar mais alta e estávamos enganados! Este trailer ainda é mais brutal e alucinante, não há dúvidas que é este filme que vamos querer descobrir em prioridade em 2009. Deus queira que Snyder tenha ganho a sua aposta, amén!

(clicar no poster para aceder ao trailer)

"Red Cliff 2": a better tomorrow II

Será que teremos o prazer de descobrir "Red Cliff", o épico do grande John Woo, numa sala de cinema portuguesa?
Boa pergunta e queremos acreditar que sim porque o filme, pelo menos a sua primeira parte, é simplesmente uma obra-prima do género que prova definitivamente àqueles que pensavam que John Woo andava adormecido, que o cineasta está em plena forma.
Impacientes (a palavra é fraca) por ver a segunda parte da história, temos aqui um primeiro teaser de "Red Cliff 2" que se anuncia evidentemente como uma bomba épica e deslumbrante. Can't wait!

(clicar no poster para aceder ao teaser)

"Death of a Hostage": Johnnie To teams up again with the mad detective

Enquanto prepara a sua aguardada releitura do "Le Cercle Rouge" de Jean-Pierre Melville, o incansável Johnnie To irá completar um outro filme intitulado "Death of a Hostage".
Juntando-se novamente com o sobredotado actor Lau Ching Wan (injustamente desconhecido do grande público no Ocidente e que não fica nada a atrás de Chow Yun-Fatm Tony Leung Chiu-Wai ou Andy Lau), como em filmes como "Lifeline", "A Hero Never Dies", "Running out of Time" ou ainda o brilhante "Mad Detective, este novo filme segue o percurso de um antigo assassino das tríades retirado do mundo do crime forçado a regressas ao activo quando solicitado por um poderoso padrinho desejoso de matar todos os responsáveis pelo rapto da sua filha.
Apenas temos um primeiro poster para divulgar mas estamos desde já ansiosos por descobrir mais um trabalho do surpreendente e talentoso Johnnie To e, para quem ainda não conhece o realizador, podem aproveitar as estreias recentes en DVD nacional de "Breaking News" e do díptico mafioso "Election"/"Election 2", as primeiras de uma longa lista, esperemos nós.

"The Wrestler": magnífico poster

O Leão de Ouro de Veneza, o último filme de Darren Aronofsky, o novo papel de Mickey Rourke, "The Wrestler" tem finalmente um poster. E que poster!

"Giallo": ti piace Argento?

Cá está finalmente o trailer do novo filme de Dario Argento e, como acontece nos últimos dez anos a cada novo projecto, continuamos a querer acreditar que o mestre estará verdadeiramente de volta com um filmaço digno da grande época, onde os seus filmes eram uma sucessão de obras-primas ("Profondo Rosso", "Suspiria", "Inferno", "Tenebre").
Ao mesmo tempo, depois de um "Terza Madre" de sinistra memória, tudo o que vier a seguir não poderá ser pior. Aliás, com alguma boa vontade, o trailer de "Giallo" até é simpático e parece ter um argumento, apesar de banal, pelo menos sério e coerente, o filme contando ainda com actores minimamente competentes.
Infelizmente, não podemos deixar de notar que o horrendo visual televisivo que assombra o cinema de Dario Argento há demasiado tempo, continua a marcar presença. Que saudades da inventividade constante e dos movimentos de câmara alucinantes que caracterizavam os seus filmes.
Enfim, lá vamos nós dar mais uma vez o benefício da dúvida ao mestre moribundo, Dario Argento bem o merece, nem que seja pelas obras inesquecíveis que nos deu e pela inegável e determinante influência que exerceu no cinema de género moderno. Wait and see!

(clicar na foto para aceder ao trailer)

sábado, 15 de novembro de 2008

"Accident": parceria Johnnie To/Soi Cheang

Já referimos neste blogue a nossa admiração pelo trabalho do jovem realizador de Hong-Kong Soi Cheang, autor de filmes tão virtuosos e viscerais como "Love Battlefield", "Dog Bite Dog"e o recente "Shamo".
Mencionamos portanto na altura o seu próximo filme intitulado "Assassins", cujo apenas um poster tinha sido divulgado. Neste momento, já temos mais informações sobre o filme, nomeadamente que o título inicial foi modificado para "Accident".
Interpretado por Louis Koo, Richie Ren e Lam Suet, o filme conta a história de um polícia que se vê obrigado a fazer equipa com um assassino profissional para tentar desmantelar uma organização de assassinos mas que vai ser apanhado na espiral do crime e transformar-se ele próprio num assassino.
Outra informação importante, o filme é produzido pelo incontornável Johnnie To, mais uma prova que o incrível cineasta está em todas, aliás Soi Cheang começou a sua carreira nos filmes de Johnnie To. Fica então aqui o novo poster à espera que um trailer seja divulgado rapidamente, o filme estando actualmente em pós-produção.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

"Blue Velvet": mysteries of love

Ano: 1986
Realização: David Lynch
Argumento: David Lynch
Fotografia: Frederick Elmes
Montagem: Duwayne Dunham
Música: Angelo Badalamenti
Elenco: Kyle MacLachlan, Isabella Rossellini, Laura Dern, Dennis Hopper, Brad Dourif e Dean Stockwell
IMDB


1984. É um David Lynch de apenas 38 anos que já se encontra desgastado pelo oportunismo e venalidade dos estúdios, tendo em conta os inúmeros problemas que o seu ambicioso space-opera “Dune” enfrentou.
Assim, após o fracasso financeiro do filme, o jovem cineasta, que o sucesso crítico e comercial de “The Elephant Man” subitamente revelou, vê alguns dos seus projectos irem por água abaixo, nomeadamente as sequelas de “Dune”, previstas por contrato, e sobretudo o projecto pessoal intitulado “Ronnie Rocket”, um filme demasiado bizarro e arriscado para que algum produtor aceitasse apostar.
No entanto, Lynch convence Dino De Laurentiis, produtor do amaldiçoado “Dune”, a financiar o seu novo filme, descrito pelo realizador como um thriller contemporâneo com heróis teenagers. O argumento do que viria a ser “Blue Velvet” foi escrito antes de “Dune” e é o primeiro argumento original de David Lynch desde “Eraserhead”. De Laurentiis aceita mas com a condição de que o orçamento fosse reduzido, neste caso para 5 milhões de dólares, e que o salário de Lynch fosse dividido em dois, recebendo a segunda metade apenas se se verificasse sucesso no box-office. Lynch aceita as condições de bom agrado, sendo sinónimas de liberdade artística total para o cineasta, o que não deixa de ser um luxo após a experiência traumática do seu filme anterior.
E é neste contexto que se concretiza “Blue Velvet”, dando nascença em 1986 ao David Lynch que conhecemos hoje. De facto, o filme contém já na altura todas as temáticas características do seu universo cinematográfico, até aqui apenas esboçadas no experimental “Eraserhead”, contidas no emocional “The Elephant Man” e dispersas no desequilibrado “Dune”. Mas o mais curioso é ainda constatar como “Blue Velvet” é a síntese perfeita entre uma certa ideia do classicismo cinematográfico e um universo de autor totalmente livre recheado de ideias bizarras e doentias, fazendo dele ainda hoje a obra-prima da filmografia de David Lynch.

Um mundo aos nossos pés

De facto, “Blue Velvet” é se calhar o filme mais importante de David Lynch. O filme matriz. É com esta obra que o cineasta assenta pela primeira vez o seu universo tão particular, criando uma receita/fórmula que será o ponto de partida de praticamente todos os seus projectos posteriores, como são exemplos o quadro escolhido (a pacata cidade do interior norte-americano) ou o esquema estrutural particular, aliás cada vez mais desconstruído ao longo da sua filmografia. É também aqui que Lynch começa a colaborar com pessoas que se irão revelar fundamentais na cimentação do seu universo. Primeiro, os actores, com uma segunda colaboração com Kyle MacLachlan, desta vez decisiva, Isabella Rossellini e sobretudo Laura Dern. Mais importante ainda, trata-se do primeiro encontro com o indispensável compositor Angelo Badalamenti, hoje em dia indissociável dos filmes do realizador e que já em Blue Velvet se conseguiu enquadrar na perfeição no universo lynchiano (remember a música Mysteries of Love).
Último ponto fundamental, é com este filme que David Lynch faz prova de toda a sua mestria em tornar bizarro e estranho qualquer evento mais banal do quotidiano. Nesse aspecto, a primeira cena do filme é sem equívocos. O cineasta introduz-nos na sua história através o retrato idílico de uma pequena cidade americana que transpira tranquilidade e perfeição. De repente, um pacato idoso que está a regar a sua relva tem um ataque cardíaco e cai, acompanhado pela câmara. E enquanto a apaziguadora música que dá o seu título ao filme está cada vez mais distante, a câmara faz uma profunda investida pelo meio da relva até nos mostrar uns escaravelhos pretos como a escuridão a devorar tudo à sua volta. Plano seguinte e repentino: um cartaz com o desenho de uma mulher sorridente e a menção “Bem-vindo a Lumberton”. E sem nos apercebermos, acabamos de entrar em Lynchtown para nunca mais sair de lá.
Esta cena na sua totalidade resume assim por si só o cinema de David Lynch, mostrando-nos a coabitação silenciosa, no sentido de complementaridade ao contrário de oposição, que existe escondida de todos entre o mundo da superfície, um mundo de luz, e o mundo subterrâneo, um mundo de trevas, onde a passagem constante entre um e outro se fará através de vários portais simbolizados pelas mais diversas coisas, desde uma orelha cortada encontrada num descampado até personagens femininas ambíguas e dúbias.

O efeito de dualidade

Essa dicotomia da dualidade é sem dúvida um dos princípios fundadores do universo lynchiano, como reflexo directo da duplicidade intrínseca do próprio ser humano, e, mais uma vez, essa noção nasce em pleno com “Blue Velvet”.
A mais evidente é obviamente a dualidade dos mundos que já citamos, a qual David Lynch procura constantemente exacerbar. Assim, não é inocente o ambiente do filme lembrar propositadamente a América dos anos 50, período fasto da história do país, cuja mistura com um ambiente mais contemporâneo, torna o filme literalmente intemporal. Partindo desta base, Lynch exagera o traço ao filmar o seu bairro de forma quase etérea que nem um paraíso (artificial claro) na terra, cheio de cores, crianças e pessoas bem parecidas. O choque progressivo com o outro mundo à espreita é assim duplicado porque insidioso, inesperado e particularmente brutal.
Outro efeito de espelho é também aquele que Lynch cria entre o seu herói e o espectador. O seu Jeffrey é o estereótipo do homem inocente e ingénuo, perfeito receptáculo da nossa identificação mas igualmente da nossa vontade de descobrir o que se esconde, o que Jeffrey não vai deixar de tentar fazer, mesmo que isso implique perigo e eventualmente perder a sua alma. E para além de partilhar com Jeffrey essa vontade de descoberta e liberdade, também partilhamos o facto de não estarmos minimamente preparados para entrar no universo que o realizador nos propõe descobrir. Daí que sejamos levados numa viagem aos confins da loucura, do doentio, do mais negro que o Homem é capaz de criar, da qual poderemos não voltar ilesos.
Por fim, a dualidade mais perversa e reflexiva está nas próprias personagens, balizada por dois eixos principais: Jeffrey/Frank e Sandy/Dorothy.
Utilizada até a exaustão nos seus filmes seguintes (“Twin Peaks” – Laura Palmer/Maddy Ferguson, “Lost Highway” – Renee Madison/Alice Wakefield, “Mulholland Dr.” – Betty Elms/Diane Selwyn, “INLAND EMPIRE” – Nikki Grace/Susan Blue), esta duplicidade ambígua é mais uma vez a ilustração do que nos caracteriza como seres humanos, ou seja, a parte interior onde coabitam inocência e perversidade, ou, em termos mais genéricos, a nossa parte de luz e a nossa parte de escuridão.

Mas a grande diferença é que, contrariamente aos seus filmes posteriores, David Lynch utiliza esta noção de duplo de forma subtil sem surrealismo assumido, deixando o espectador desvendar progressivamente os sinais que vai deixando, tipo migalhas. Portanto, se após vários visionamentos do filme não há dúvidas que Sandy (a loira Laura Dern) e Dorothy (a morena Isabella Rossellini) representam uma única mulher, esta afirmação não é evidente à primeira vista. Aliás as duas personagens femininas podem ser encaradas como as duas faces de um mesmo universo dividido em dois para o qual elas representam uma passagem, um portal de acesso nos dois sentidos. É de facto Sandy que conta pela primeira vez a Jeffrey as conversas do seu pai polícia que surpreendeu, despoletando assim a entrada de Jeffrey para o outro lado onde o espera Dorothy. E após cada noite escaldante com Dorothy, Jeffrey regressa sempre para Sandy, continuando o seu inofensivo mas sincero namorisco com ela. Só quando Dorothy faz irrupção no universo de Jeffrey (na cena onde aparece nua e ferida à porta de casa dos pais dele), situando-se temporariamente do mesmo lado que Sandy, Jeffrey vê-se na obrigação de resolver as coisas e terminar a história aceitando que o seu lugar é do lado da luz junto de Sandy.
O outro eixo é inegavelmente Jeffrey/Frank, como se o segundo fosse o reflexo deformado do primeiro, constituído de tudo o que de doentio Jeffrey inconscientemente reprime na parte mais recôndita do seu ser. Há sem dúvida um sentimento de amor/ódio, de repulsa/fascínio de Jeffrey em relação a Frank, o que se comprova várias vezes quando Jeffrey em pleno voyeurismo fica evidentemente excitado pela relação sexual perturbadora e reprovável entre Frank e Dorothy, violência que Jeffrey chegará a reproduzir mais quando incentivado por Dorothy em momentos de intimidade. Está portanto implícito o fascínio de Jeffrey pela liberdade total da qual usufrui Frank, conferida pela sua loucura, e mesmo se, em última instância, Jeffrey consegue in extremis não ser corrompido por um Frank incontrolável que lhe diz na cara “És como eu” antes de lhe fazer uma declaração de amor (a noção de homossexualidade também está presente) que acabará com uma carga de porrada.

Um classicismo pervertido

É então este constante vaivém, esta mistura orgânica, este confronto brutal, esta reflexividade subtil e imparável entre dois mundos indissociáveis que fazem toda a particularidade de “Blue Velvet”.
Mas, no final, o último ingrediente decisivo que faz do filme uma autêntica obra-prima, cujo poder de fascínio no espectador ainda se mantém intacto após mais de 20 anos, e a obra maior da filmografia de Lynch, é a forma como o cineasta utiliza todos os artifícios clássicos de filmagem e de narração para imperceptivelmente deturpar ao longo da sua história esses códigos e fazer penetrar o bizarro e o inconfessável no quotidiano mais banal.
O espectador distraído poderá portanto ficar-se pela capa de thriller hitchcockiano, declarada influência de David Lynch, sobretudo o filme “Vertigo” e a sua dupla figura feminina. Tudo à partida no filme aparenta classicismo, a composição das imagens, os quadros seguros, a fotografia jogando com texturas e cores evidentes, o casal de heróis estereotipados, o final feliz onde tudo volta ao seu lugar e à “normalidade”.

A inteligência de David Lynch, demonstrando uma maturidade fílmica muito precoce (é apenas a sua 4ª longa-metragem), é utilizar esse classicismo aparente para enaltecer a estranheza ambiente e o doentio de várias situações. Ao normalizar o seu cinema consegue-nos aspirar sem restrições para o seu universo muito particular e, ao tornar quase triviais as suas imagens, é a sua própria realização que se encontra em consonância com o propósito do filme, ou seja, imagens banais que mostram coisas tudo menos banais, mais uma vez a dualidade neste caso directamente imprimida na película pelas escolhas técnicas e visuais de David Lynch.
Assim, resulta no ecrã um paradoxo fascinante que se traduz no facto de imagens por vezes de uma simplicidade desconcertante transmitirem com um impacto fortíssimo um mau estar e um sentimento perturbador que imagens mais trabalhadas ou artificialmente arrojadas não conseguiriam aqui transmitir com a mesma força evocativa (não vamos por exemplo esquecer que na altura o filme foi recusado pelo Festival de Veneza por pornografia!).
Da mesma forma, David Lynch distorce sub-repticiamente a narração típica do thriller misterioso. O thriller tradicional americano é por essência explicativo e lógico, ficando todas as questões levantadas ao longo do filme resolvidas no final. Com “Blue Velvet”, Lynch dá essa falsa impressão mas é exactamente o contrário que se passa, ficando muitas peças do puzzle por encaixar e muitos comportamentos das personagens por explicar. Vários buracos vêm assim contrariar a suposta linearidade do argumento, as motivações racionais de Frank em raptar o marido e o filho de Dorothy não são explicadas, o mistério à volta de um suposto 3º homem não leva a nenhuma conclusão particular, o massacre final é enigmático e estranho (o yellow man gravemente ferido mas que se aguenta em pé sem cair), o bizarro comportamento do detective Williams com Jeffrey para o qual nunca haverá justificação, as figuras do marido e do filho de Dorothy nunca são verdadeiramente mostradas (o primeiro só aparece morto e o segundo é mostrado furtivamente de costas só no final), sem falar dos comportamentos esquisitos das personagens, até dos próprios pais de Jeffrey que praticamente nunca falam e parecem literalmente estarem noutro mundo.
“Blue Velvet”, falso thriller mas sim verdadeiro sonho/pesadelo acordado, porém um sonho estruturado que subtilmente vai dando os seus toques de estranheza, contaminando uma história à partida banal. Daí que o filme seja a obra mais perfeita de David Lynch, no sentido que não há nada de mais difícil do que jogar simultaneamente, tipo um equilibrista, com um 1º nível de leitura estruturado, compreensível e facilmente assimilável e vários outros níveis de leitura em filigrana que permitam elaborar mil e uma interpretações ou descobrir um conjunto infinito de pormenores. Abandonando progressivamente esse 1º nível de leitura estruturado e implicativo nos seus filmes posteriores, Lynch evoluiu mas nunca reencontrou a perfeição e a mestria alcançada em “Blue Velvet” por excesso de desconstrução e anarquia.

Com um belo sucesso crítico e comercial, “Blue Velvet” foi duplamente benéfico para David Lynch. Por um lado, permitiu-lhe recuperar do desaire vivido com “Dune” e recuperar uma viabilidade nos olhos da indústria. Por outro, o cineasta criou aqui da forma mais deslumbrante possível o seu universo cinematográfico que nunca deixou de explorar e desenvolver desde então. Por todas estas razões, “Blue Velvet” é simplesmente um filme indispensável.


"Watchmen": a mega promoção continua

Aqui estão mais uns posters do aguardadíssimo "Watchmen" de Zack Snyder. Ao clicar em qualquer um deles poderão aceder a uma galeria com todos os posters do filme já divulgados, incluindo uns novos revelados nos últimos dias. Enjoy!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

"Lost Highway": I'm deranged

Ano: 1997
Realização: David Lynch
Argumento: David Lynch e Barry Gifford
Fotografia: Peter Deming
Montagem: Mary Sweeney
Música: Angelo Badalamenti
Elenco: Bill Pullman, Patricia Arquette, Balthazar Getty, Robert Blake e Robert Loggia
IMDB


Quando David Lynch começa finalmente a rodagem de “Lost Highway”, a sua sétima longa-metragem, é após um doloroso processo de projectos inacabados e de oportunidades falhadas.
De facto, após ter conhecido o auge do reconhecimento da sua carreira com a Palma de Ouro do Festival de Cannes para “Wild at Heart” e com o sucesso crítico e comercial da sua aclamada série “Twin Peaks”, o cineasta é curiosamente mal recebido com o seu “Twin Peaks: Fire Walk With Me”, nomeadamente pelo mesmo Festival de Cannes que o celebrou dois anos antes. Depois disso, Lynch tenta a sua sorte novamente na televisão mas a sua série “On the Air” é cancelada antes do tempo e o seu projecto “Hotel Room” passa despercebido.
Já ansioso por voltar a realizar uma longa-metragem, sendo que a ideia para o futuro “Lost Highway”, desenvolvida em parceria com Barry Gifford, o autor do livro “Wild at Heart”, já existe desde o último dia de rodagem de “Twin Peaks: Fire Walk With Me”, David Lynch ainda tem que compor com os problemas vividos pela sua produtora Ciby 2000 com a qual tem um contrato firmado e que o impede de trabalhar em condições favoráveis.
Uma vez as questões burocráticas ultrapassadas, o realizador obtém finalmente luz verde e começa a rodar o que se irá revelar na altura o seu filme mais lynchiano.



Um filme labiríntico

De facto, “Lost Highway” é um filme chave na filmografia de David Lynch no sentido que sintetiza por si só os filmes anteriores mais pessoais do realizador e prefigura os futuros “Mulholland Dr.” e “INLAND EMPIRE”, desenvolvendo uma estrutura narrativa que parece representar a quintessência do espírito lynchiano.
À semelhança de “Eraserhead” e “Blue Velvet”, o início do filme é o exemplo perfeito da banalidade da vida quotidiana. Um bairro residencial do mais cliché possível e um casal igual a tantos outros que vai ser lenta e progressivamente contaminado por um evento à partida anódino mas suficientemente estranho para que de um momento para outro o normal se transforme em bizarro e o curso regrado da vida de todos os dias seja desviado para a Estrada Perdida onde tudo é possível.
Após receber várias cassetes de vídeo que mostram que alguém anda a filmar o casal, as coisas entre Fred (inquietante Bill Pullman) e Renee (hipnótica Patricia Arquette) nunca mais serão iguais. Suspeitando a sua mulher de adultério, Fred vai cometer o irreparável e entrar assim numa espiral incontrolável onde todas as noções que pensamos conhecer vão sofrer alterações, como a Identidade e o próprio Tempo. Eis que a viagem psicogénica pode começar.
A primeira parte do filme, o mesmo sendo claramente divido em duas partes que se unem apenas no final, é a parte mais arriscada para David Lynch porque é a mais crucial, é nela que se joga o facto de o espectador entrar no universo proposto pelo realizador ou não. Com um ritmo narrativo lento, cenas contemplativas e silêncios pesados, David Lynch aspirar-nos para dentro do seu pesadelo acordado graças ao seu timing perfeito na gestão do mistério insondável ainda nascente da sua história e também graças a uma incrível composição do quadro que transpira estranheza e mau estar a cada imagem.
De facto, o cineasta filma cada recanto do apartamento sombrio do seu casal problemático como se nele estivesse escondido um mal ancestral, aprisionado desde tempos imemoriais e ansioso por ser libertado. Nesse aspecto, o jogo de luz é fundamental e o trabalho na composição de uma profunda escuridão desenvolvido entre o realizador e o director de fotografia Peter Deming (“Mulholland Dr.”, “Evil Dead II”, “From Hell”) é alucinante em precisão e mestria em traduzir a irrupção de um universo paralelo à espreita para nos engolir. Da mesma forma, a música do colaborador habitual Angelo Badalamenti é evocativa e pesada ao ponto de nos fazer arrepiar dos pés à cabeça.
David Lynch põe-nos portanto perfeitamente em condição psicológica para penetrar na sucessão de eventos que vão literalmente explodir na face das personagens e do espectador, transformando o seu filme num autêntico labirinto a céu aberto, simbolizado pelo corredor que nos leva ao quarto de Fred e Renee para nos mostrar o que não queremos ver e também pela personagem justamente chamada de Mystery Man, interpretada por um Robert Blake transfigurado, que revela estranhos dons de ubiquidade anunciando definitivamente a nossa passagem para um outro nível de consciência e de realidade.



O círculo (im)perfeito

Inspirado directamente dos próprios sonhos de David Lynch, uma fonte sempre presente nos argumentos dos seus filmes mais livres e confusos, “Lost Highway” não deixa no entanto de possuir uma lógica interna imparável, dando-nos quase a ilusão que tudo faz sentido nesta história de duplas identidades, de mundos paralelos e de crime passional violento.
Movimentando-se como peixe na água nesta estrutura narrativa labiríntica, David Lynch não deixa dúvidas a qualquer momento que sabe para onde vai, cabe-nos portanto agarrar a cadeira e aceitar o wild ride que nos propõe. E esse ride acelera-se consideravelmente quando, após uma estadia no cubo mágico gigante (neste caso uma cela de prisão), Fred deita-se e acorda Pete (Balthazar Getty perfeito em jovem manipulado e perdido).
Sem explicações, estamos noutro local que tudo nos leva a pensar real. Adaptando-se à sua nova personagem principal e ao seu ambiente marcado por figuras directamente tiradas de um filme noir, como a femme fatale ou o mafioso colérico e incontrolável, Lynch acelera o passo e faz da sua segunda parte um momento altamente rock’n’roll ao som do heavy metal de Marilyn Manson e recorrendo a uma violência gráfica absurda e crescente.
Nesta parte, David Lynch recorre muita mais a cenas exteriores, dando-nos a falsa ideia que as personagens podem fugir da famosa Estrada Perdida, aliás não é esse o plano de Pete, fugir com Alice (uma Patricia Arquette loira mais venenosa do que nunca)? Lógico que não há escapatória, a Estrada Perdida é infinita, levando-nos para onde ela quiser.
O tom geral desta segunda parte é também falsamente mais leve, destacando-se cenas irónicas e absurdamente hilariantes (ex: a cena de perseguição de carros com um Robert Loggia possuído) e a presença de um erotismo que nos põe numa posição relativamente mais confortável, mas claro até isso se irá virar contra nós.
Nesse aspecto, o longo clímax final é cruel e no entanto de uma inevitabilidade imparável, demonstração que somos os fantoches de forças superiores que nos manipulam em círculos infernais. E são então duas frases que no final resumem “Lost Highway”, a primeira vem da boca da indomável e traidora Alice, “You’ll never have me”, nos relembrando de forma inequívoca que o espírito humano é livre e a sua imaginação não tem fronteiras, finalmente o fundamento do universo cinematográfico do próprio David Lynch. A segunda é pronunciada por Fred no intercomunicador da sua própria casa com ele próprio no interior da casa a ouvir, “Dick Laurent is dead”, frase que despoletou toda esta história surreal que num círculo (im)perfeito e fatal se conclui voltando ao ponto de partida, mostrando que a nossa mente é tortuosa e de um poderio incomensurável.

Em 1997, David Lynch fazia portanto com “Lost Highway” uma declaração de intenções cinematograficamente definitiva: o objecto Filme deve assemelhar-se à mente humana, resultando assim num objecto livre, misterioso, evidente e incompreensivelmente confuso ao mesmo tempo. Um sonho opaco em imagens de 35 mm.
Como para contrariar esta conclusão, David Lynch realiza a seguir uma das obras mais “normais” da sua filmografia, o fabuloso “The Straight Story”. Mas o bichinho lynchiano regressa com o formidável “Mulholland Dr.”, gémeo sensível de “Lost Highway”, porém o extremista “INLAND EMPIRE”, último filme até à data do Mystery Man David Lynch, interroga-nos sobre os limites do método do mestre. E não será isso finalmente, questionar-nos, a essência do cinema de David Lynch?

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

"The Book of Eli": from hell

Querem saber quem são os cineastas mais underrated de Hollywood? Os filmes "Menace II Society", "Dead Presidents" e "From Hell" dizem-vos alguma coisa?
Pois é, os irmãos gémeos Albert e Allen Hughes são sem dúvida uns dos mais talentosos jovens realizadores a oficiar na Meca do cinema mas são felizmente longe de serem reconhecidos ao seu justo valor.
De facto, os irmãos posicionam-se como os maiores herdeiros do grande Martin Scorsese com a mesma visão antropológica e épica das ruas e das figuras bigger than life que a povoam. Sem falar de um talento visual fora do comum e da constante preocupação em contar as suas histórias antes de tudo através da câmara. Passado completamente despercebido, urge portanto rever o soberbo "From Hell", prova inequívoca do que acabamos de dizer.
Sem notícias da dupla desde 2001, é com grande pica que recebemos as primeiras informações sobre o novo filme dos irmãos Hughes. Intitulado "The Book of Eli" e juntando por enquanto Denzel Washington e Gary Oldman, o filme é um western pós-apocalíptico onde um homem solitário atravessa a América, lutando e protegendo um livro sagrado que contém o segredo para salvar a raça humana.
Actualmente em pré-produção, "The Book of Eli" revela um potencial fabuloso, perfeito para o talento visual dos irmãos e também para o seu sentido do épico visceral.
Fica aqui então um primeiro teaser-poster, faltando ainda mais de um ano para a estreia do filme, prevista para 15 de Janeiro 2010. Resta esperar que a dupla de realizadores não tenha de compor com problemas de produção, como tem sido o caso, nomeadamente em "From Hell", sabemos bem como Hollywood é perito em quebrar talentos. Enfim, o que sabemos de certeza é que "The Book of Eli" é desde já um dos filmes mais aguardados de 2010!

"Up": Pixar has done it again!

O novo filme Pixar revela-se um pouco mais com este novo teaser-trailer e, para variar, preparem-se para mais uma lição de cinema que irá deixar os concorrentes a milhas de distância. E isso, mesmo se depois da obra-prima absoluta "Wall-E", vai ser difícil fazer melhor. In Pixar we trust!

(clicar no poster para aceder ao teaser-trailer)

"Book of Blood": o festim nu

Após o bombástico "Midnight Meat Train" de Ryuhei Kitamura (para quando uma distribuição em Portugal, por favor?), é mais uma adaptação do atípico trabalho do brilhante Clive Barker que se prepara.
O criador do famoso "Hellraiser" vai ver os seus contos "On Jerusalem Street" e "The Book of Blood" serem transpostos para película num filme precisamente intitulado "Book of Blood", realizado por John Harrison. Este cineasta pouco conhecido do grande público tem-se inserido no cinema fantástico sobretudo através do pequeno ecrã com as série "Tales from the Darkside" e "Tales from the Crypt" mas também com a mini-série "Dune".
A história segue uma especialista no paranormal que, aquando de uma investigação de hediondo crime, encontra uma casa que supostamente é a intersecção das "estradas" por onde as almas são transportadas para o além. Requesitando os serviços de um jovem medium por forma a desvendar esse mistério, o mesmo vai sofrer na pele a ira dos mortos.
O universo de Clive Barker, também cineasta de grande talento para além de escritor (remember "Hellraiser", "Nightbreed" e sobretudo "Lord of Illusions"), é sempre fascinante e recheado de violência doentia e de colisão brutal entre o mundo real e outros mundos sobrenaturais.
Este trailer retranscreve essas ideias doentias com nomeadamente o corpo de umas das personagens principais literalmente tranformado em manuscrito vivo. Todavia não podemos deixar de reparar num look altamente telefilme, à partida uma desilusão na ilustração de um universo tão cinematográfico como o de Clive Barker. Sem dúvida que o passado televisivo de John Harrison é o responsável.
Não deixaremos no entanto de dar uma vista de olhos a este "Book of Blood" mas com saudades de rever um dia o próprio Clive Barker de novo atrás de uma câmara.

(clicar no poster para aceder ao trailer)

"Triangle": Christopher Smith nas Bermudas

Christopher Smith, o excelente realizador britânico de "Creep" e "Severance", já se encontra na pós-produção do seu novo filme intitulado "Triangle".
Ainda só temos um poster deste aguardado filme que conta a história dos passageiros de um yacht em plena viagem no oceano Atlântico que, confrontados com condições climatéricas hostis, vão refugiar-se noutro barco e assim viver um autêntico pesadelo em alto mar.
Fiquem portanto ligados para mais informações logo que haja um primeiro trailer deste "Triangle" que esperemos descobrir numa sala de cinema portuguesa, ao contrário dos dois filmes anteriores de Christopher Smith.

"Watchmen": mais um poster

"The Broken Imago": galeria de fotos

Já falamos de "The Broken Imago" (clicar aqui), o novo filme de Douglas Buck. Ainda não temos trailer mas já temos uma galeria de fotos que deixa pensar que vamos ter direito a mais um filme hardcore e doentio. Hell yeah!

(clicar na foto para aceder à galeria)

terça-feira, 4 de novembro de 2008

"Dead Girl": o fim da inocência

Dois adolescentes à procura de sensações fortes penetram de noite num manicómio abandonado onde descobrem o corpo nu de uma jovem rapariga por baixo de um plástico e preso a uma mesa de ferro. Os dois decidem então utilizá-la para concretizar todas as suas fantasias sexuais, até aperceberem-se que a jovem é imortal...
Eis o curioso e doentio plot de "Dead Girl", realizado e produzido pela dupla Marcel Sarmiento/Gadi Harel e escrito por Trent Haaga, todos oriundos da mad produtora Troma, e quem tem gerado a sua volta um hype como já não víamos há muito tempo pelos festivais por onde passou (Stiges, Toronto).
Reputado ultra gore e inteligente, eis um curto trailer suficientemente esperto para não revelar dem demasia do filme e criar curiosidade nos geeks que somos. Veremos então o que isto dá (só em 2009), se "Dead Girl" sobrevive ao hype, o que é raro, ou se mais uma vez o filme não passa de um clone sem inspiração dos inevitáveis "Saw" ou "Hostel". Wait and see!

(clicar no poster para aceder ao trailer)

"The Broken": update com o trailer japonês

(clicar no poster para aceder ao trailer)

domingo, 2 de novembro de 2008

"RoboCop": 2010, ano do remake?

A ideia de um remake de "RoboCop", a obra-prima absoluta de Paul Verhoeven, é por si só um absurdo. No entanto, não é isso que poderia impedir a MGM de produzir o projecto, sendo inegável o seu enorme potencial comercial.
Nem falaríamos de uma tal aberração se não estivesse associado ao filme o brilhante realizador Darren Aronofsky, o visionário que nos deslumbrou com os inesquecíveis "Requiem for a Dream" e "The Fountain". E o caso muda de figura quando o próprio realizador declara não se tratar de um remake mas sim de um novo filme adaptado aos tempos actuais.
Mesmo se temos sérias dúvidas que Aronofsky faça melhor que Verhoeven, apesar do seu inegável talento, também não podemos negar a nossa curiosidade em ver um autor como ele pegar no material explosivo que representa a mitologia de "RoboCop" e utilizar as teconlogias de hoje.
Como sempre, teremos que esperar para ver mas, até lá e ainda falta muito, não resisto em passar aqui o trailer da bomba atómica que o holandês violento Paul Verhoeven lançou à face do mundo em 1987, sendo que as mensagens do filme nunca estiveram tão actuais. Genialidade no estado puro!


"Slumdog Millionaire": Danny Boyle does Bollywood

O britânico e venerado realizador Danny Boyle nunca está de facto onde o esperamos. Saltando de género em género, aquele que nos deu filmes como "Shallow Grave", "Transpotting", "28 Days Later" e "Sunshine", está de regresso com um filme rodado na Índia intitulado "Slumdog Millionaire" e que conta a história de Jamal Malik, um adolescente de condição social pobre, e a sua participação na versão local do jogo televisivo "Quem quer ser milionário?" onde estará à beira de ganhar o maior prémio simplesmente para mostrar o seu amor incondicional para a sua amiga Latika.
Mesmo se gostamos sobretudo do cineasta quando se insere nos filmes de género, temos de admitir que o trailer deste "Slumdog Millionaire" tem muito bom aspecto, Danny Boyle tendo sem dúvida tirado partido dos cenários únicos do território indiano e contando com a ajuda de Loveleen Tandan, co-realizadora do filme.
Resta saber se o cineasta vai fazer apenas um filme simpático e ligeiramente dramático como no caso do seu "Millions" ou se teremos direito a uma verdadeira história de amor emocionante e visceralmente sentimental à boa maneira do cinema indiano e do cinema asiático em geral. Resposta a 12 de Novembro nos USA e certamente durante o 1º trimestre de 2009 em Portugal.

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"Sólo Quiero Caminar": spanish noir looks good

O cineasta espanhol Agustín Díaz Yanes é conhecido dos portugueses, sendo que os seus 2 primeiros filmes, "Nadie Hablará de Nosostras Cuando Hayamos Muerto" e "Sin Noticias de Dios", estão editados em DVD e o seu último filme, a super-produção "Alatriste" com Viggo Mortensen", estreou tardiamente nos cinemas nacionais.
Yanes não terá um universo tão forte ou marcante como o seus compatriotas que oficiam no cinema de género, nomeadamente Alex de la Iglesia ou Jaume Balagueró, mas o realizador já demonstrou no seu excelente primeiro filme "Nadie Hablará..." que pode fazer prova de um grande talento de contador de histórias e de direcção de actores. E apesar de não ter confirmado essa boa impressão com os seus filmes seguintes, sobretudo com a desilusão "Alatriste", parece que o cineasta voltou à grande com o seu novo filme, "Sólo Quiero Caminar", um filme noir que relembra precisamente "Nadie Hablará...", sem dúvida um bom sinal.
De facto, o trailer visível na Net mostra-nos um filme tenso, violento e dramático com um ambiente visual negro e particularmente cru. Para além disso, Yanes constituiu um elenco cinco estrelas com actores como Diego Luna, Ariadna Gil, Victoria Abril e Carlos Bardem, entre outros.
O filme acabou de estrear em Espanha dia 31 de Outubro e, depois de um trailer destes, já temos novamente vontade de acompanhar a carreira de Agustín Díaz Yanes e sobretudo de descobrir rapidamente este "Sólo Quiero Caminar".

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"Pontypool": shut up or die!

No tema mais do que batido do virus que transforma os humanos em máquinas de matar ou mais simplesmente em zombies, a série B "Pontypool" do canadiano Bruce McDonald apresenta-se com uma premissa original.
Tomando lugar numa estação de rádio na pequena cidade de Pontypool, uma manhã aparantemente banal começa com as curiosas notícias de sangrentos incidentes pela cidade fora. Mas rapidamente, os poucos locutores da estação local apercebem-se que esta vaga de violência está a expandir-se com uma rapidez preocupante e, pior, que o virus propaga-se através de fala. Instalados na cave de uma igreja abandonada enquanto terríveis confrontos estão a acontecer em cima, o grupo vai ter de lutar pela sua sobrevivência.
O trailer é relativamente misterioso, revelando poucas imagens de terror para se concentrar apenas no grupo de locutores, o que nos faz pensar que o filme deverá apostar num ambiente claustrofóbico ao passar a maioria do tempo num único cenário, o fraco orçamento assim o obrigando.
Com estreia prevista durante a Primavera de 2009, no cinema ou directamente para DVD ainda não sabemos, "Pontypool" tem pelo menos o mérito de criar curiosidade. Wait and see!

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"The Alphabet Killer": novidades de Rob Schmidt

Temos finalmente notícias do simpático realizador de "Wrong Turn" e "Right to Die", episódio da 2ª temporada da antologia "Masters of Horror".
Com dois projectos no forno dentro do género que nos interessa, Rob Schmidt está de regresso às longas-metragens mesmo se continuam a ser séries B na mais pura tradição norte-americana.
Enquanto o realizador está neste momento a tentar resolver graves problemas com o seu último filme, o gore-flick "Bad Meat", nomeadamente a paragem da produção por causa da falência da produtora Capitol Films que deveria ter providenciado os fundos em falta para completar o orçamento, já está concluído e pronto a estrear, mais provavelmente directo para DVD, "The Alphabet Killer", a obsessiva investigação de uma detective, com um passado medical marcado pela esquizofrenia, dos brutais homicídios de um serial killer, história baseada em factos verídicos.
O trailer disponível não é particularmente empolgante, o filme não parecendo trazer nada de novo no género com o seu visual à la "Seven" e o seu ambiente do tipo remake de filme de fantasmas japonês, sem contar com a péssima actriz Eliza Dushku no papel principal.
Mas vamos deixar o benefício da dúvida ao realizador Rob Schmidt, tendo em conta ainda que muitas vezes é com as fórmulas já mais utilizadas que se fazem filmes conseguidos. Estejam portanto atentos às prateleiras do vosso vídeoclube.

(clicar no poster para a aceder ao trailer)

"The Broken": Sean "Cashback" Ellis inicia-se no terror

Sean Ellis, o jovem realizador britânico que deu nas vistas com o filme indie "Cashback", escolheu para a sua segunda longa-metragem o género do terror com "The Broken", neste caso, na sua vertente psicológica tratando-se de um thriller sobrenatural e paranóico.
Seguimos então Gina na sua vida pelas ruas povoadas de Londres quando inexplicavelmente pensa ver passar o seu carro com ela própria atrás do volante. Incrédula e perturbada, Gina decide seguir esta misteriosa mulher até ao seu apartamento. Mas a partir daqui é toda a sanidade mental de Gina que será posta em jogo quando a realidade e os seus piores pesadelos começam a fundir-se até ao ponto de não retorno.
O teaser-trailer disponível revela pouco do filme de Sean Ellis, a não ser um ambiente etéreo que parece comprovar um certo talento estético do cineasta já demonstrado no seu trabalho anterior e que, conjuntamente com um plot privilegiando o estudo psicológico de uma mulher à beira da loucura, não deixa dúvidas sobre as influências do realizador, nomeadamente os universos cinematográficos de David Lynch e Roman Polanski.
Todavia, convém referir que nos diversos festivais por onde passou e apesar do prémio de Melhor Fotografia recebido em Sitges 2008, o filme tem dividido os espectadores, sendo que as principais críticas referem um filme pretensioso e vazio de sentido por trás da capa do ensaio falsamente inteligente e cerebral.
Teremos de aguardar para ver, não se vislumbrando para já uma data de estreia, já que os únicos países a recebê-lo comercialmente por enquanto são o Japão a 15 de Novembro e a França a 26 de Novembro.

(clicar no poster para aceder ao teaser-trailer)