terça-feira, 29 de setembro de 2009

"A Nightmare on Elm Street": primeiro trailer

Platinum Dunes, a produtora de Michael Bay, continua a sua revisitação contestável de alguns clássicos dos anos 70 e 80 do cinema de terror norte-americano.
Como já aqui divulgámos, o próximo na lista, aliás previsto para estrear nos Estados Unidos a 30 de Abril 2010, é o remake do clássico de 1984 realizado por Wes Craven, "A Nightmare on Elm Street" que entronizou Freddy Krueger (e o actor Robert Englund) como um dos boogeymen cinematográficos mais célebres de todos os tempos.
Apesar de faltar bastante para a estreia, o primeito trailer já cá está e a fórmula utilizada até aqui pela produtora mantém-se inalterada, ou seja, um realizador jovem e oriundo do videoclip atrás das câmaras (neste caso Samuel Bayer no seu primeiro filme), uma profunda modernização visual e uma maior dose de violência e de espectáculo.
O resultado final é sempre uma incógnita, dado que a qualidade dos remakes anteriores foi até aqui bastante díspar: os dois filmes "The Texas Chainsaw Massacre" surpreenderam e convenceram, "The Amityville Horror" e "The Hitcher" foram particularmente patéticos enquanto a recente nova versão de "Friday the 13th" desiludiu.
Resta esperar para rever, sublinhando a boa ideia que foi ir buscar o excelente actor Jackie Earle Haley para substituir Robert Englund e que, como sempre com os americanos, o trailer está muito eficaz. Wait and see...


sábado, 26 de setembro de 2009

"Harry Brown": Death Wish

Mais um exemplo da vitalidade actual do cinema de género britânico, "Harry Brown" do principiante Daniel Barber com o grande Michael Caine no papel principal assume-se como um cruzamento entre "Gran Torino" e "Death Wish" onde um militar veterano decide vingar a morte do seu velho amigo, assassinado por um bando de jovens.
Continuando a exploração dos temas sociais complexos e ambíguos caraterísticos de um certo cinema inglês de género (último exemplo muito conseguido, "Eden Lake" de James Watkins), "Harry Brown" promete um vigilante movie estilizado, tenso e, esperemos nós, inteligente, contando com o carisma incontornável de Michael Caine himself.
Estreia no Reino Unido no próximo dia 13 de Novembro, ainda não há estreias marcadas para outros países. Resta esperar que Portugal seja um dos próximos contemplados.


sexta-feira, 25 de setembro de 2009

"The Book of Eli": Man on Fire

Eis um dos filmes de 2010 que mais esperamos, "The Book of Eli" dos Hughes Bros com Denzel Washington num papel principal que quase se poderá assemelhar ao papel que protagonizou no fabuloso "Man on Fire" de Tony Scott mas versão futuristic badass!
Após um teaser-trailer que já deixavam antever um excelente ambiente pós-apocalíptico, cá estáo o primeiro verdadeiro trailer que desvenda o plot do filme assim como todas as personagens. E pelos vistos, "The Book of Eli" vai ser bad motherfucker action movie que promete arrasar o grande ecrã, provando mais uma vez todo o talento formal dos injustamente ignorados irmãos Hughes.
15 e Janeiro 2010 nos Estados Unidos, para quando uma data de estreia em Portugal, mates?

"I Come With The Rain": trailers sul-coreanos

Continuamos sem saber quando é que poderemos ver esta potencial bomba fílmica, acompanhada de perto neste blogue desde Abril 2008. No entanto, ficam aqui mais 2 trailers, desta vez sul-coreanos, que continuam a fazer subir a pressão. Enjoy!

(clicar na foto para aceder aos trailers)

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

"MOTELx 2009": Balanço Dia 2

Após um 1º dia que não podia ter começado melhor, o 2º dia do Festival já se revelou um dia a sério com 6 filmes para ver e uma Sessão-Concerto (um filme português de 1929 musicado por Legendary Tigerman e Rita Red Shoes), mesmo se os próximos 3 dias iriam estar mais carregados, lógico tratando-se do fim-de-semana.
O dia começa com a apresentação de “Detective Story” de Takashi Miike, filme datado de 2007. O cineasta nipónico tornou-se ao longo dos anos presença obrigatória neste tipo de festivais mas depois de apanharmos tantas banhadas (“Ichi the Killer”, “Visitor Q”, “Big Bang Love, Juvenile A”, “Sukiyaki Western Django”, choose one!), não tivemos pena nenhuma em não poder ir a esta sessão.
A seguir, 2 sessões a escolha: a exibição do inédito “Long Weekend” de Jamie Blanks, mais um representante australiano da selecção, e “Edmond” de Stuart Gordon, primeiro filme a ser exibido no âmbito da homenagem dedicada ao mestre de terror norte-americano. Também não foi possível estar presente no MOTELx para estas sessões, falhando assim a primeira intervenção do próprio Stuart Gordon (mas amanhã não vamos falhar “Re-Animator”), no entanto, como vimos os dois filmes, podemos formular a nossa opinião.
“Long Weekend” é um remake do filme homónimo e também ele australiano, datado de 1978, realizado por Colin Eggleston e escrito por Everett De Roche. O jovem cineasta Jamie Blanks, sobretudo conhecido pelos seus slashers da era post-Scream como “Urban Legend” e “Valentine”, entretanto regressou ao seu país de origem, farto dos executivos de Hollywood, e dirigiu o survival um pouco mais respeitável “Storm Warning” cujo argumento foi da autoria do mesmo Everett De Roche, figura conceituada do cinema de género australiano dos anos 70 (“Patrick”, “Snapshot”, “Harlequin”). Surge então a ideia de fazer um remake do aclamado “Long Weekend” novamente com De Roche no screenplay com intuito de modernizar esta história perfeitamente actual hoje em dia de um casal desrespeitoso da natureza que irá ser castigado da pior forma por essa mesma Mãe Natureza.

No final, “Long Weekend” é um curioso filme que não convence verdadeiramente mas cuja singularidade não deixa de intrigar assim como a inspiração da dupla de actores consegue criar algum realismo no retrato complexo de relações humanas. O problema do filme de Jamie Blanks é não se tratar de um verdadeiro filme de terror. Ao contrário do seu compatriota Greg McLean, podendo-se comparar “Rogue” e “Long Weekend” através dos seus planos à partida similares sobre a natureza australiana e o que de inquietante se esconde nela, Jamie Blanks nunca consegue fazer do ambiente da sua história um ambiente ameaçador ou perturbador para além de faltar ao filme verdadeiras peripécias, as mesmas concentrando-se demasiado no fim do filme. No entanto, a reflexão sobre a violação da natureza pelo ser humano está interessante e subtil, graças nomeadamente a um Jim Caviezel perfeito em besta citadina ignorante e egocêntrica. Aliás o grande ponto forte do filme é o desenvolvimento da relação do casal de protagonista que traz credibilidade ao filme, sem esquecer uma ou duas cenas mais gráficas bem esgalhadas que provam que Jamie Blanks tem algum talento, nomeadamente a cena final que acaba o filme de forma muito cruel, deixando uma marca positiva no espectador.

Relativamente ao “Edmond” de Stuart Gordon, penso que o trabalho do realizador já não precisa de apresentação, sendo que os seus últimos filmes têm representado uma viragem extremamente interessante numa extensa carreira sobretudo marcada pelo amor da obra de Howard P. Lovecraft e uma predominância do gore slapstick. De facto, não nos podemos esquecer que Stuart Gordon começou no teatro experimental onde trabalhou entre outros com David Mamet. Esse background contestatário e vanguardista tem contaminado os seus últimos 3 filmes, “King of the Ants”,”Edmond” e “Stuck” (exibido no MOTELx 2008), uma inesperada trilogia do mal social que tem relembrado aos esquecidos que o norte-americano é sem dúvida um grande realizador. No caso do “Edmond”, o filme adapta uma peça de David Mamet (aqui também autor do screenplay) e mostra-nos numa espécie de “After Hours” sangrento como a superficialidade e o absurdo das nossas sociedades contemporâneas podem levar um homem banal a cometer o irreparável para tentar sentir que ainda está vivo, que não está completamente morto por dentro. Contando com uma performance notável de William H. Macy e uma realização seguríssima de Gordon, “Edmond” é uma fábula negra sobre os mortos-vivos modernos e reais que a nossa sociedade produz em cadeia. Um filme para reflectir e uma associação brutal de Stuart Gordon e David Mamet. Se ainda não viram, façam o favor de ir alugar o DVD no videoclube mais próximo.
Finalmente, chega a nossa hora de marcar presença no Festival, na sessão das 19h para o “Linkeroever” de Pieter Van Hees, com a presença do realizador e da actriz principal, Eline Kuppens. Para tal, tivemos de deixar de lado uma sessão paralela com o filme “Flick” do britânico David Howard, também presente no Festival, uma comédia de terror aparentemente bem simpática mas não se pode infelizmente ver tudo. Acontecimento agradável antes da sessão do muito sério filme belga, assistimos mesmo à nossa frente a uma entrevista do lendário John Landis que não desmente a sua reputação de showman ao pôr constantemente toda a gente a rir à sua volta com histórias, piadas e gestos grandiloquentes.
Passando à frente uma patética curta-metragem português em competição e louvando-se a simpatia e disponibilidade do realizador Pieter Van Hees em convidar os espectadores para ir ter com ele no fim do filme para trocar impressões, descobrimos então “Linkeroever” ou “Left Bank” em título internacional, que foi sem dúvida uma surpresa deste Festival, que também serve para ficar a conhecer novos cineastas e filmografias.

“Linkeroever” assume-se como uma obra diferente daquilo a que geralmente temos direito dentro do género e que acaba por pecar por um nítido excesso de austeridade mas desperta a nossa curiosidade por tratar-se de uma verdadeira proposta de cinema. Abertamente influenciado pelas obras de Roman Polanski, o realizador belga compõe um falso filme de terror que aposta em desenvolver uma atmosfera perturbadora de forma insidiosa e contida, escondendo-se profundamente na capa do filme realista. Herdeiro em termos de imagem da escola belga do filme social, Pieter Van Hees filma a sua história câmara ao ombro, com movimentos febris e bastante grão, sempre a acompanhar de muito perto a sua personagem feminina principal. O que poderia ser à partida um defeito, acaba por se revelar um ponto de diferença interessante, sobretudo porque o cineasta faz prova de uma verdadeira habilidade em utilizar este modo de expressão fílmico. Segura e imersiva, a realização surpreende e desmarca-se do habitual dos filmes de género, tirando o melhor partido de um orçamento minúsculo de apenas 700.000 €.
“Linkeroever” é assim um filme camuflado que curiosamente se revela bastante credível na pintura da sua cidade estranha e das suas personagens perdidas sob ameaça de um perigo desconhecido constantemente à espreita. Todavia, se o filme não convence a 100% é em grande parte por causa de um ritmo narrativo relativamente mal gerido que acaba por causar alguma frustração e tédio no espectador. É de facto sempre complicado gerir uma história que progressivamente promete que se vai passar alguma coisa e finalmente pouco acontece. No entanto, esta exagerada contenção é felizmente compensada por um final tenso, misterioso e enigmático em termos de interpretação, como se Pieter Van Hees tivesse travado o potencial horrífico e surrealista do seu filme até aos últimos minutos, recompensando in extremis o espectador e deixando inteligentemente por explicar vários aspectos deste atípico “Linkeroever”. Como dizíamos de início, resulta então um filme curioso, uma descoberta que intriga mais do que fascina mas que nos permite conhecer um realizador que dará certamente que falar num futuro próximo.
Para acabar bem este 2º dia do MOTELx e após optar por ir jantar nas calmas em vez de assistir à Sessão-Concerto (já agora um pouco de publicidade para o excelente restaurante Cantina Lx em Alcântara, conceito original a descobrir), foi “Martyrs” de Pascal Laugier na sessão da meia-noite que estava à nossa espera para pura e simplesmente nos arrasar como nenhum filme de terror nos arrasou desde os míticos filmes norte-americanos dos anos 70.

Conseguir transmitir através de palavras todo a potência do impacto de um filme como “Martyrs” é de facto uma tarefa muito complexa porque no final estaremos sempre longe da verdade. “Martyrs” é mais do que um filme, é uma experiência visceral, neste caso no verdadeiro sentido da palavra, palavra essa geralmente muito utilizada mas aqui plenamente correcta como raramente o é. À primeira vista, o filme de Pascal Laugier aproveita o género em voga do torture porn mas enquanto filmes como “Hostel”, a saga “Saw”, etc., são no melhor dos casos apenas rides jubilatórios ou no pior filmes oportunistas vazios de sentido, “Martyrs” leva o género ao extremo numa óptica quase intelectual sem nunca esquecer de utilizar todas as armas poderosíssimas do cinema de género. O resultado é assim praticamente inédito no género do terror porque o radicalismo extremista de Pascal Laugier que nunca, mas mesmo nunca, escolhe a facilidade e faz concessões ou piscares de olho ao espectador, é absolutamente impressionante.
Assumindo sem hesitações a sua visão sem desviar de um milímetro do caminho que se propôs trilhar durante a sua história, Pascal Laugier redefine com ousadia e uma segurança inacreditável (é apenas o seu segundo filme!) o que já alguma vez sentimos à frente de um filme de terror. Porque temos de admitir uma coisa, é impossível gostar de “Martyrs” no sentido puramente etimológico da palavra. Frente a tanta dor e tanta crueza, só queremos que o calvário acabe depressa. Mas se sentimos isso é precisamente porque em termos cinematográficos o filme é perfeito e tocou-nos como raramente um filme nos tocou.
Com uma introdução enigmática que mistura melancolia e ambiente de yurei eiga, a primeira parte do filme funciona quase como um filme dentro do filme, interessando-se pela personagem Lucie (admirável Mylène Jampanoï num papel extremamente difícil), adulta que em criança sofreu um rapto e inúmeras torturas. A primeira força de Pascal Laugier é conseguir de início e muito rapidamente instalar-nos na história e interessar-nos pelas personagens. Sem nos deixar respirar um segundo, é um verdadeiro dilúvio de violência que nos assola num estilo totalmente realista longe do filme de terror tradicional. Privilegiando a precisão da câmara com ângulos fatais aos efeitos estilizados e clipescos que gangrenam os actuais filmes norte-americanos da moda, Pascal Laugier consegue uma imersão total do espectador e consegue um equilíbrio complicado de atingir entre empatia e ambiguidade.
A outra força do realizador, que demonstra o total domínio sobre aquilo que quer transmitir, é nunca se ficar por um género definido. Utilizando os códigos do survival parasitados por um ambiente no limiar do fantástico em termos de acontecimentos mas com uma estética de drama intimista constantemente minado por planos violentos directamente extraídos do shocker mais violento dos anos 70, e com uma pitada ainda de filme de fantasmas hardcore, “Martyrs” consegue de forma fascinante extirpar-se do “género” para ganhar uma dimensão superior sem nunca deixar de pagar o seu tributo a todas as influências do cineasta (desde os mestres europeus como Dario Argento a quem o filme é dedicado até aos mestres norte-americanos do terror dos anos 70).

Esta primeira parte não revela portanto nada do mistério do filme e abre progressivamente a porta à dimensão filosófica e metafísica do filme, sendo que nada nos preparou àquilo que vamos assistir a seguir. A violência das imagens que se seguem, suporta da forma mais visceral possível uma reflexão profunda sobre todas as noções presentes nos filmes de terror, ou seja, a dor, a desumanização, a dualidade vítima/carrasco, a perda de identidade, a passagem a um nível superior de consciência e mais ainda. Depurando ainda mais o seu estilo visual à medida que o filme avança e deixando como raramente se viu os fabulosos efeitos especiais de maquilhagem do sobredotado e recentemente falecido Benoît Lestang assumirem um papel narrativo decisivo, Pascal Laugier, através do percurso inesquecível da sua segunda personagem principal Ana (uma interpretação de Morjana Alaoui absolutamente alucinante), partilha a sua visão negra e pessimista do mundo com uma raiva e uma ambiguidade que não poderão deixar ninguém indiferente (o público habitualmente agitado do MOTELx nem tugiu nem mugiu durante a hora e meia de projecção).
Verdadeira ferida aberta sobre o mundo, “Martyrs” é um grito do fundo da alma de Pascal Laugier (um cineasta a seguir de muito perto) que nos diz que a sociedade tem de mudar urgentemente, uma mudança vital para a nossa humanidade, mesmo se o preço a pagar é uma dor insuportável, e onde a promessa de um além purificador não pode nunca servir de pretexto ou de justificação a todas as ignomínias e abjecções. Com um final ambíguo à imagem do filme, “Martyrs” é um pedaço de cinema como raramente se fez, cinematograficamente perfeito e tematicamente desafiador e inteligente, um filme que marcará qualquer espectador para sempre. No final, uma necessidade fílmica e um reencontro com o propósito original do filme de terror, “acordar” física e psicologicamente o espectador. Indispensável e simplesmente o melhor filme do Festival!
Completamente arrasados, saímos do São Jorge já passava das 2h da manhã mas espera-nos mais um grande dia amanhã sexta-feira com o aguardado “Sauna” de Antti-Jussi Annila, o filme de culto “Re-Animator” apresentado por Stuart Gordon himself, o tailandês “4Bia” com várias histórias e realizadores e ainda o doentio “Mum & Dad” de Steven Sheil.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

"Micmacs à Tire-Larigot": o novo filme de Jean-Pierre Jeunet

"Micmacs à Tire-Larigot", novo filme de Jean-Pierre Jeunet, realizador de "Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain" e de "Un Long Dimanche de Fiançailles", prepara-se para estrear no seu país natal no próximo dia 28 de Outubro.
O trailer definitivo já fez a sua aparição na Net e mostra o cineasta na sua exploração do universo marcante ao qual nos habituou. Contando a história de um grupo de marginais em luta contra importantes negociantes de armas numa França imaginária, o filme perpetua os delírios visuais e narrativos de Jeunet. Estreia provável nos cinemas em Portugal mas mais lá para 2010.

(clicar no poster para aceder ao trailer)

sábado, 12 de setembro de 2009

"MOTELx 2009": Balanço Dia 1

Conforme tínhamos anunciado várias vezes no blogue, a 3ª edição do MOTELx iniciou-se dia 02 de Setembro. Após a divulgação da programação 2009 e dos convidados que demonstrava que um patamar tinha sido atingido em relação às 2 edições anteriores, o MOTELx 2009 só podia ser ansiosamente aguardado por qualquer aficionado português de terror digno desse nome.
Particularmente entusiasmados, fomos assim assistir à Sessão de Abertura do Festival às 21h45 mesmo se a verdadeira primeira sessão do Festival ocorreu às 10h da manhã com a exibição de “Nocturna”, filme de animação espanhol de Adrià García e Victor Maldonado, no âmbito da Secção Lobo Mau dedicada às crianças.
Tomando lugar, como habitualmente, nos cinemas São Jorge na Av. da Liberdade em Lisboa que, apesar de boas condições de imagem e de som, precisa urgentemente de uma renovação, nomeadamente a nível das cadeiras (torna-se difícil sobreviver a 5 dias de Festival sentado naquilo) e do ar condicionado (que não tem!), as luzes da grande Sala 1 apagam-se de repente para aparecer no ecrã o videoclip “Thriller” de Michael Jackson em versão integral realizado evidentemente por John Landis, um dos homenageados pelo Festival.
Depois desta entrada nostálgica e bem-disposta, os espectadores são portanto acolhidos pela equipa do MOTELx, um bando de jovens antes de tudo fãs do género que numa apresentação mais preparada do que os outros anos mas felizmente convivial à mesma, nos põem a par da rica programação desta edição para além da presença de vários convidados de renome como o grande Stuart Gordon, o já citado John Landis, o documentarista Yves Montmayeur entre muitos outros num Festival que entrou sem dúvida definitivamente para a lista dos Festivais do género a seguir que decorrem ao longo do ano na Europa.

Mas estamos cá para ver filmes, como diria um dos organizadores, e começa portanto “Rogue” de Greg McLean, realizador australiano do aclamado “Wolf Creek” que foi exibido comercialmente nos cinemas nacionais. Filme de 2007, “Rogue” foi ignorado pelos seus próprios produtores, os execráveis Irmãos Weinstein através da Dimension Films, que mal o distribuíram nos ecrãs norte-americanos em meados de 2008, tendo estreado posteriormente sobretudo em DVD a nível internacional.
Ainda inédito em Portugal, o MOTELx procurou corrigir esta injustiça para o nosso maior prazer já que a segunda longa-metragem de Greg McLean é um excelente filme de monstro bem superior a muitos filmes deste subgénero e, acessoriamente, superior ao seu tão falado “Wolf Creek”.
De facto, “Rogue” é um filme de crocodilo gigante, o que poderia deixar pensar que, como é costume, trata-se de um filme a avacalhar onde o ridículo da situação se mistura com o gore e o susto fácil. Pois bem, “Rogue” é o exacto oposto desse tipo de filme e assume-se facilmente como um dos filmes de monstro mais credíveis de sempre. Ao contrário de alguns cineastas da nova geração do cinema de género, Greg McLean é daqueles que digeriu perfeitamente as suas influências de fanboy e em apenas 2 filmes já criou o seu estilo narrativo e visual. Greg McLean é o que se pode chamar um realizador inteligente porque numa época onde impera o torture porn e os efeitos in your face da 3-D que não passa ainda de um mero gimmick, o cineasta australiano concentra os seus esforços na caracterização de personagens e na moderação dos seus efeitos, privilegiando a empatia e a identificação dos espectadores assim como o crescendo do sentimento de medo.

Foi certamente por estas escolhas que o filme acabou por ser posto de parte por produtores apenas preocupados com receitas de bilheteira e desejosos de um filme da moda. Mas são precisamente as opções de McLean que fazem de “Rogue” um grande filme e também um passo importante na maturidade do autor de “Wolf Creek”. De facto, os defeitos de “Wolf Creek”, ou seja, uma primeira parte demasiado longa e mal ritmada que não era inteiramente convincente na caracterização das 3 personagens principais, encontram-se aqui geridos de forma muito mais segura e também mais ambiciosa, sendo que a quantidade de personagens é bem superior. Assim, toda a primeira parte de “Rogue” é exemplar em termos narrativos e de desenvolvimento de personagens. Levando o seu tempo para instalar a história, McLean vai destilando com parcimónia e de forma progressiva detalhes sobre cada uma das personagens ao mesmo tempo que posiciona lentamente o seu grupo de protagonistas na situação que irá despoletar os acontecimentos trágicos que febrilmente esperamos.
Desta forma, de espectadores externos ao filme passamos sem nos apercebermos a companheiros de aventura das personagens, como se estivéssemos sentados ao lado deles no barco que pouco a pouco se dirige sem saber para o território do crocodilo mais perigoso que a Terra conheceu. Ao mesmo tempo que o cineasta nos transporta para o interior do seu filme, é também, através de uma câmara precisa e ampla, apresentado de forma muito eficaz o ambiente fascinante e perigoso do outback australiano, tornando a paisagem um dos protagonistas do filme com uma grande importância nas decisões e acções das personagens na sua iminente luta pela sobrevivência. Exímio na caracterização das personagens (ajudado por um elenco de actores, principais e secundários, muito bem escolhidos e dirigidos), Greg McLean é também excelente em termos visuais, contando a sua história pela câmara e fazendo o uso acertado do seu conhecimento do ambiente particular do território australiano.
Mas o radicalismo da postura de McLean não se fica por aqui, porque quando os problemas começam, o realizador continua a reter os seus efeitos, preservando ao máximo as aparições do seu monstro (que só veremos verdadeiramente no fim do filme) e credibilizando até onde é possível todos os acontecimentos graças ao conhecimento profundo do comportamento real de um crocodilo. O efeito no espectador traduz-se assim pelo facto de estarmos constantemente alertas ao que pode acontecer, tudo se transformando em ameaça, desde um simples plano sobre a água até um barulho ao longe à partida anódino. Lógico que quando o animal entra em acção, o efeito provocado no espectador seja muito mais forte, consequência directa da paciência que caracteriza a construção narrativa e visual do realizador.
No final, um filme que nas mãos de um realizador básico se transformaria num filme frustrante e previsível, resulta num momento visceral onde a inteligência do espectador é sempre respeitada (desafio qualquer espectador a descobrir com antecedência quem vai morrer ou sobreviver) e onde a nossa implicação emocional é recompensada da melhor maneira com um final grandioso que, após uma rigorosa contenção de efeitos de todos os instantes, nos permite apreciar totalmente o monstro do filme para além do talento de Greg McLean para a acção e a gestão dos efeitos especiais, prova que o realizador é definitivamente um cineasta completo e multifacetado, e que não se esqueceu que também está a fazer um verdadeiro filme de género no limiar do fantástico.
“Rogue” foi assim sem dúvida uma excelente escolha para abrir este MOTELx 2009, divulgando um filme que não merecia passar despercebido e dando o mote do Festival para as interessantes e diversificadas propostas de terror que nos esperam nos próximos dias.

Aliás não foi preciso esperar muito para assistir ao segundo filme da Secção Serviço de Quarto com a exibição às 00h15 de “Manhunt” de Patrik Syversen, survival norueguês se calhar mais conhecido pelo seu título original “Rovdyr”. Temos de admitir que nos baldámos a esta sessão para conservar forças para o resto do Festival que irá ser exigente, todavia, já vimos o filme portanto podemos emitir um comentário.
“Manhunt” é daqueles filmes que nada traz de novo ao género e cuja história já foi vista milhares de vezes. No entanto, o filme ganha alguma dimensão por ser norueguês e por revelar um realizador suficientemente competente para merecer o título de cineasta a seguir. Contando a eterna história de um grupo de jovens (aqui 2 casais nos anos 70) de viagem para passar um fim-de-semana nas montanhas que irão tentar sobreviver ao confronto inesperado com um grupo de caçadores locais sedentos de sangue, “Manhunt” compensa a sua tremenda falta de originalidade pela instalação de um verdadeiro ambiente através de uma utilização eficaz dos cenários e da luz tão particular das paisagens norueguesas. Sem grandes invenções, Patrik Syversen apresenta um trabalho visual seguro, com uma câmara muito próxima das suas personagens e do pesadelo que estão a viver, e racionaliza os seus efeitos gore que quando irrompem no ecrã conseguem um verdadeiro impacto no espectador.

À semelhança da saga “Cold Prey” aka “Fritt Vilt” oriunda do mesmo país, “Manhunt” é uma proposta modesta e humilde mas competente e astuta na utilização das particularidades da cultura norueguesa, um ponto de partida respeitável para o estabelecimento de uma verdadeira cultura do filme de terror norueguês, daqueles que desesperamos de ver um dia imergir em Portugal. Pequeno filme simpático e eficaz, “Manhunt” não surpreende mas diverte e respeita o género que ilustra, o que já não é pouco pelos tempos que correm, para além de pôr Patrik Syversen no mapa dos cineastas de cinema de género, só por isso...
Após um primeiro dia ideal para entrar no Festival, regressaremos em breve com o balanço do um 2ª dia onde as coisas já começam a acelerar, nomeadamente com um curioso filme belga, “Linkeroever” de Pieter Van Hees, a incontornável obra-prima absoluta e traumatizante “Martyrs” de Pascal Laugier e ainda o primeiro filme da homenagem ao mestre Stuart Gordon, “Edmond”. Stay tuned!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

"Solomon Kane": primeiro trailer

Em final de Julho, perguntávamos por onde andava o trailer deste aguardado "Solomon Kane" de Michael J. Bassett e, aproveitando a apresentação do filme no iminente Festival de Toronto, eis finalmente o primeiro trailer do filme.
Apesar de uma parecença esporádica com o péssimo "Van Helsing" de Stephen Sommers, estas primeira imagens até têm boa pinta com um ambiente sombrio e de fim do mundo bem trabalhado assim como um sentimento épico bem presente neste curto trailer.
Se o britânico Michael J.Bassett teve mãos para gerir os numerosos efeitos especiais digitais do filme e as cenas de acção aparentemente de grande dimensão, pode ser que este "Solomon Kane" seja uma bela supresa para um género geralmente mal tratado no cinema. A ver vamos, à partida só no decorrer de 2010, mas sem dúvida que o potencial está lá...

(clicar no poster para aceder ao trailer)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

"Tetsuo: The Bullet Man": the true Iron Man is back

Enquanto o incomparável Shinya Tsukamoto deixou todos os espectadores perplexos, para variar, no Festival de Veneza com o seu aguardado "Tetsuo: The Bullet Man", aqui temos um primeiro verdadeiro trailer do filme e claro que estas imagens só mostram que isto vai ser mais uma bomba fílmica. Can't wait!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

"Sitges 2009": programação provisória

Enquanto acabámos de sair de um MOTELx 2009 imperial que deixa muitas esperanças para as edições futuras, o maior Festival Internacional de Cinema Fantástico que irá decorrer de 01 a 12 de Outubro, o incontornável Sitges 2009, já divulgou os filmes mais importantes que irão compor o seu cartaz deste ano e, como sempre, é um edição de grande qualidade que se prepara.

Assim, destacam-se os seguintes filmes:

- "[Rec] 2" de Jaume Balagueró e Paco Plaza (filme de abertura)
- "Hierro" de Gabe Ibáñez
- "Ingrid" de Eduard Cortés
- "Enter the Void" de Gaspar Noé
- "Kinatay" de Brillante Mendoza
- "Splice" de Vincenzo Natali
- "Mr. Nobody" de Jaco Van Dormael
- "Accident Happens" de Andrew Lancaster
- "Cold Souls" de Sophie Bartes
- "Timer" de Jac Schaeffer
- "La Horde" de Yannick Dahan e Benjamin Rocher
- "Les Derniers Jours du Monde" de Jean-Marie e Arnaud Larrieu
- "The Children" de Tom Shankland (exibido no MOTELx 2009)
- "Dorian Gray" de Oliver Parker
- "Accident" de Soi Cheang
- "Thirst" de Park Chan-Wook
- "Yatterman" de Takashi Miike
- "Grace" de Paul Solet (exibido no Fantasporto 2009)
- "Dogtooth" de Giorgos Lanthimos
- "Moon" de Duncan Jones
- "The Countess" de Julie Delpy
- "Ne Te Retourne Pas" de Marina de Van
- "Metropia" de Tarik Saleh

Para quem tiver na Catalunha na primeira quinzena de Outubro, já sabe o que tem de fazer!

(clicar no poster para aceder ao site oficial do Festival)

sábado, 5 de setembro de 2009

"[Rec] 2": final trailer

"[Rec] 2" de Jaume Balagueró e Paco Plaza arrasou pura e simplesmente os espectadores do actual Festival de Veneza que já lançaram discursos a compará-lo com o "Aliens" de James Cameron ou o "Evil Dead 2" de Sam Raimi para dar uma ideia do seu poderio como sequela a ultrapassar o filme original.
Entretanto, já temos o trailer definitivo do filme e, de facto, isto vai partir tudo! Estreia a 09 de Outubro em Espanha e ainda sem data em Portugal (Fantasporto 2010?), já sabemos também que a dupla de realizadores não irá sentar-se atrás das câmaras em caso "[Rec] 3". Parece-me que vamos ter uma despedida à altura...

(clicar no poster para aceder ao final trailer)

"Ninja Assassin": excerto brutal!

O "Ninja Assassin" de James McTeigue produzido por Joel Silver e os Irmãos Wachowski tem cada vez mais pinta, como demonstra este excerto do filme com uma luta de ninjas em plena estrada cheia de carros. Isto promete!

"The Road": 2 posters

Enquanto o aguardado "The Road" foi muito bem recebido no Festival de Veneza actualmente a decorrer, pelos vistos John Hillcoat não desilude e concretizou a sua aposta arriscada de fazer uma brilhante adaptação da obra-prima da literatura de Cormac McCarthy, ficam aqui 2 novos posters do filme, infelizmente ainda sem data de estreia em Portugal.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

"The House of the Devil": The Haunting

Um dos últimos hypes saído de nenhures tem acontecido à volta do filme de casa assombrada "The House of the Devil" do jovem realizador Ti West ("The Roost", "Cabin Fever 2: Spring Fever").
Ainda sem data de estreia nos Estados Unidos, o filme tem sido aclamado pela crítica e muito bem recebido pelo público em todos os festivais por onde passou, nomeadamente no último Frightfest de Londres cuja 10ª edição encerrou ontem.
Passado nos anos 80, o filme conta a história da adolescente Samantha Hughes que para ganhar algum dinheiro aceita um trabalho de babysitter numa estranha casa na qual acabará por viver um verdadeiro pesadelo.
História à partida mais do que banal, nada parece destacar este "The House of the Devil" mas quem viu o filme cita sem complexos Roman Polanski e John Carpenter, para além de louvar a capacidade de Ti West em criar uma atmosfera tensa e assustadora sem abusar de efeitos e levando o tempo necessário para instalar o seu ambiente nestes tempos que correm de shakycam e outros torture porns filmados como um clip da MTV. De referir ainda que o realizador não abdica da violência sangrenta num quarto de hora final supostamente repleto de acção e de gore.
Fica aqui portanto o trailer do filme, esperando-se que o mesmo chegue às nossas terras lusitânas, a priori directamente em DVD ou se calhar no próximo Fantasporto.


"Case 39": Devil's Reject

Enquanto esperamos impacientemente pelo várias vezes destacado aqui "Pandorum" (à partida estreia em Portugal a 08 de Outubro), o muito promissor cineasta alemão Christian Alvart (remember o excelente "Antibodies", inédito em território nacional) tem outro filme americano prestes a estrear intitulado "Case 39".
Na realidade, este filme foi rodado antes de "Pandorum" e constitui a primeira experiência nos Estados Unidos para o realizador. Só que, como infelizmente acontece vezes demais, "Case 39" foi pura e simplesmente posto na gaveta pela Paramount apesar da presença no papel principal da estrela Renée Zelwegger.
No entanto, dada a enfâse em volta do space-horror "Pandorum", eis que "Case 39" reapareceu, dando o ar dua sua graça em alguns festivais e preparando-se para estrear na Europa, nomeadamente em Portugal pelos vistos a 22 de Outubro.
Os primeiros comentários sobre o filme são bastante positivos e, à imagem do trailer, descrevem um filme inventivo na realização e no seu argumento, apesar de explorar o tema mais do que batido da criança maléfica (interpretada por Jodelle Ferland que já nos tinha surpreendido nos mal amados "Silent Hill" de Christophe Gans e sobretudo "Tideland" de Terry Gilliam).
Resta esperar por descobrir o filme nas salas nacionais, esperando que se mantenham as datas previstas de estreia, tanto deste "Case 39" do que do aguardado "Pandorum". Se assim for, o mês de Outubro nos cinemas portugueses vai ser o mês de Christian Alvart!