quarta-feira, 28 de maio de 2008

"Sparrow": Hong-Kong mood

Para quem teve o prazer de descobrir o último filme do grande Johnnie To no IndieLisboa deste ano, não será preciso relembrar o momento de puro cinema que se experienciou no São Jorge, ainda por cima com direito à apresentação do filme pelo próprio cineasta, presente nessa noite.
"Sparrow" poderia à partida ser encarado com um filme menor do realizador, à semelhança daquelas comédias românticas que faz de vez em quando para angariar fundos para os seus filmes mais pessoais. Mas tal suposição seria um erro porque "Sparrow" é deveras um filme light mas um filme altamente pessoal do cineasta que demorou uns 4 anos a rodar, facto que não deixa de ser curioso para um realizador habituado a rodar 2 ou 3 filmes por ano.
Autêntica homenagem à sua cidade, a cosmopolita e frénetica Hong-Kong, "Sparrow" é um deleite para os olhos e um repouso para a alma. Raramente imagens conseguiram com tanta força transmitir o feeling que se sente ao descobrir de verdade uma cidade e, para além disso, a história simples e as personagens surrealistas permitiram ao cineasta experimentar e transcender o ecrã pelo simples poder do seu trabalho de câmara, mais uma vez impressionante.
Saímos então da projecção deste "Sparrow" obrigatoriamente com um sorriso nos lábios, relaxados, maravilhados, em suma, numa good mood do caraças! E não podemos deixar de mencionar a cena final do filme, um hipnótico bailado de guarda-chuvas numa noite chuvosa que, segundo o realizador, é a sua homenagem ao "Les Parapluies de Cherbourg" de Jacques Demy, musical francês de 1964. Aliás, pelo seu ritmo interno, seja na narrativa saltitante dos acontecimentos, seja na coreografia de movimentos das personagens e das suas interacções, "Sparrow" é um musical sem canções, daqueles filmes que nos levam às cimeiras da euforia.
Assim, antes do seu remake mais do que aguardado da obra-prima "Le Cercle Rouge" de Jean-Pierre Melville, onde estará de regresso aos ambientes negros e ambíguos, "Sparrow" é mais uma prova brilhante do talento multifacetado de Johnnie To.
Fica aqui então o trailer definitivo do filme, bastando clicar na imagem, e espera-se vivamente que o mesmo estreie no circuito comercial nacional para que, quem o perdeu no Indie, o possa descobrir nas melhores condições possíveis.

terça-feira, 27 de maio de 2008

"Babylon A.D.": segundo teaser

Enquanto não chega um trailer digno desse nome (nunca mais!), eis um segundo teaser de cerca de 40 segundos de "Babylon A.D." de Matthieu Kassovitz. Uma palavra: brutal!!!

(clicar no poster para aceder aos teasers)

segunda-feira, 26 de maio de 2008

"Red Cliff": a better tomorrow

Esqueçam a fraude Zhang Yimou e o seu patético "Curse of the Golden Flower" e descubram "Red Cliff", regresso do mestre John Woo à China para o que se anuncia como uma obra-prima do wu xia pian.
Querem redescobrir o sentido da palavra épico, façam favor de clicar no poster. Tendo em conta a fraca qualidade da imagem, estejam atentos porque iremos voltar logo que possível com novos trailers e informações sobre esta futura bomba.

"The Incredible Hulk": showdown digital

Temos reportado ao longo das últimas semanas os trailers do próximo filme Marvel a estrear em 2008, o reboot do gigante verde após o atípico e mal amado filme de Ang Lee, "The Incredible Hulk" de Louis Leterrier.
Esperado a 13 de Junho nos Estados Unidos, continuamos sem saber bem o que pensar desta nova versão da mítica personagem do universo Marvel. Entre receio de ver um espectáculo descerebrado que simplifique ao máximo à personagem (alguém disse "Iron Man"?) e esperança de ver um filme de acção bem realizado e generoso (Louis Leterrier é melhor tecnicamente do que a média dos yesmen de Hollywood), o enigma mantém-se, sendo que os vários trailers e outros clips não são conclusivos.
Prova disso mais uma vez com estes 40 segundos do combate entre o Hulk e o Abominação. Entre badass attitude e exagero digital de animação de jogo de vídeo, o resultado final de "The Incredible Hulk" continua um mistério. Wait and see!

sábado, 24 de maio de 2008

"Triangle": crítica

Infelizmente eclipsado pela estreia do 4º filme da saga “Indiana Jones” e ainda pior distribuído que “La Habitación de Fermat” (apenas uma sala a nível nacional, uma vergonha), “Triangle” é simplesmente o melhor filme deste mês de Maio.

- “Triangle” de Tsui Hark, Ringo Lam e Johnnie To:
Merecidamente distinguido pelo prémio de Melhor Filme da Secção Oficial Orient Express no Fantasporto 2008, “Triangle” é um sonho de cinéfilo porque realizado por 3 dos nomes mais importantes do cinema de Hong-Kong, o génio imprevisível Tsui Hark, o atípico e seco Ringo Lam e o surpreendente e talentoso Johnnie To. Funcionando na base do conceito do cadavre exquis que consiste em criar uma história por vários artistas sem que nenhum deles saiba do trabalho dos outros, “Triangle” é uma obra conceito que resulta num curioso pedaço fílmico que disserta de forma original sobre o destino, as relações humanas, os objectivos pessoais e o que estamos dispostos a perder para atingir sonhos ilusórios.
Para além disso, “Triangle” é também um formidável prazer para quem quer estudar ao pormenor, e sem didactismo nenhum, a ciência da diegese cinematográfica através de 3 gramáticas formais diferentes mas aqui em perfeita sintonia.
Esta história a priori banal de três personagens, cada uma com os seus problemas pessoais e desejosas de fugir das suas vidas, que montam um esquema para roubar um tesouro seguindo as indicações de uma misteriosa personagem, permite a estes 3 cineastas fora de série transcender a ideia de partida e proporcionar uma obra densa, estranha, profunda e absurda, conseguindo preservar o estilo específico de cada um ao mesmo tempo que se constrói progressivamente uma unidade de tom e temática inesperada.

Assim, Tsui Hark é o primeiro a entrar em cena e trata de expor os objectivos da história, de apresentar as personagens e de deixar antever as temáticas a desenvolver. A mestria do cineasta é mais uma vez impressionante e, entre movimentos de aparelho de uma precisão milimétrica e quadros poderosos que valem mais que mil palavras, somos de imediato transportados para o universo do filme e para os dilemas das personagens. É incrível ver com que facilidade Tsui Hark organiza todas as linhas narrativas, num autêntico acto de malabarismo, onde cada problema das personagens (a mulher infiel de Simon Yam e o seu amante polícia corrupto que chantageia Louis Koo enquanto o mesmo é pressionado por mafiosos por causa de um golpe, tentando arranjar um condutor para esse mesmo golpe na pessoa de Simon Yam, wow!) se transforma numa possível direcção a explorar para o realizador que virá a seguir. Sem contar a introdução de um ambiente subtilmente fantástico através da personagem fantasmagórica do velho misterioso que propõe ao improvável trio o roubo do famoso tesouro, uma túnica bordada de ouro, e da caracterização da cidade (a lembrar curiosamente Johnnie To), sempre tratada como uma verdadeira personagem.
De seguida, ficou então a cargo de Ringo Lam explorar os temas e as linhas narrativas introduzidos por Tsui Hark, sendo da responsabilidade de Johnnie To concluir o filme. Nesse contexto, Ringo Lam acaba por ter a parte mais difícil da história mas safa-se de forma brilhante. Contrariando um pouco o seu estilo visual geralmente seco e brutal, o cineasta escolhe explorar o lado sombrio das suas personagens, nomeadamente do casal Simon Yam/Kelly Lin, como tão bem o fez nos seus filmes anteriores. Para tal, leva as suas personagens num turbilhão de emoções dúbias e de acções ambíguas, onde a violência se mistura com momentos de ternura repentinos, desenvolvendo mais além o ambiente onírico e absurdo esboçado por Tsui Hark no seu segmento. A cena no prédio abandonado é nesse aspecto um modelo de cena de amor visceral e trágica, magnificada por um jogo de luz evocativo e um ambiente surrealista que traduz na perfeição o percurso interior das personagens ao longo do filme.

O testemunho passa de seguida para o iconoclasta Johnnie To que vai concluir esta história da melhor forma possível, entre excelência visual e rigor temático imparável. Pegando no aspecto mais absurdo dos acontecimentos, o início do seu segmento faz penetrar o espectador por completo no universo de fantástico ambíguo até aqui desenvolvido (veja-se o tratamento reservado à personagem de Kelly Lin e a introdução da personagem de mecânico vigarista e parkinsoniano interpretada por Lam Suet, actor fetiche do realizador).
Assim, todas as envolventes do filme reencontram-se num restaurante isolado no meio de uma floresta, onde o trio principal, a mulher de Simon Yam, o amante polícia corrupto, os mafiosos, um polícia motard e o mecânico vigarista vão se confrontar num bailado de movimentos de objectos e de corpos que numa fase inicial relembra curiosamente Tsui Hark (particularmente o fabuloso “Time and Tide”) mas, no seu progressivo imobilismo da acção e clímax falsamente anti-espectacular (o plano largo da floresta perturbada pelo fumo das balas a sair das pistolas), não deixa dúvidas sobre quem está atrás das câmaras.
O final ganha portanto contornos altamente oníricos, sendo que as personagens têm de aceitar o seu destino e saber assumir o lugar que lhes está reservado no universo. Não será então gratuito o filme acabar com as personagens principais num carro a percorrer um caminho de província numa noite escura fracamente iluminada que, ao cruzar-se com a velha figura fantasmagórica que despoletou toda esta aventura, carrega desta vez no acelerador sem olhar para trás. Ao escolher a vida no seu sentido mais pleno, há que aceitar o caminho que está a nossa frente, com os seus obstáculos e as suas incertezas.
Logo, “Triangle” é simplesmente de uma inteligência rara e um filme arriscado de 3 experimentalistas sobredotados, para quem o domínio da 7ª Arte já não tem segredos, o que não os impede de se questionar sobre o media que utilizam. Original, visual e tematicamente estrondoso, “Triangle” é portanto também uma profunda reflexão sobre o cinema, a sua gramática estética, a sua dialéctica narrativa e de que forma a destruturação e a desorganização podem ser criadoras de matéria para trabalhar. A organização do caos de Tsui Hark, o mergulho nas zonas negras do ser humano de Ringo Lam e a movimentação estática como reflexão na interacção com o meio ambiente de Johnnie To, é disto que é feito “Triangle”. 3 visões, um filme único. Um sonho de cinéfilo, meus amigos, um sonho de cinéfilo!

Estreias de Maio: os filmes a ver (2ª parte)

Antes que chegue o final do mês de Maio, cá estamos para acabar a nossa review das diversas estreias.
Após uma 1ª parte onde falamos dos filmes menos recomendáveis, sendo de referir que “Pathology” de Marc Schoelermann e “Cleaner” de Renny Harlin já não irão estrear e ainda não têm nova data, vamos agora abordar os filmes que mais esperávamos ver estrear no circuito comercial nacional.

- “My Blueberry Nights” de Wong Kar Wai:
O último filme de um dos prodígios do cinema de Hong-Kong dito de autor, que fez a recente abertura do IndieLisboa 2008, era esperado com alguma curiosidade. De facto, Wong Kar Wai, que nos deu filmes do calibre de “Chungking Express”, “Ashes of Time”, “Fallen Angels” e “In the Mood for Love”, parecia ter chegado ao limite do seu cinema com “2046”, ensaio plasticamente superior mas particularmente vácuo e, no final, uma caricatura dos seus filmes, marca de um cineasta num impasse artístico.
Nesse contexto, “My Blueberry Nights” pode ser visto de 2 maneiras: como mais uma prova que Wong Kar Wai já não é o realizador que era, o filme estando sem dúvida muito longe da qualidade dos seus melhores filmes, ou então como o primeiro passo imperfeito para uma possível recuperação, deixando algum esperança aos seus fãs da primeira hora.
À partida, temos vontade de nos inserir na 2ª categoria mesmo se “My Blueberry Nights” não pode deixar de constituir uma pequena desilusão. O problema fundamental deste primeiro ensaio americano do realizador chinês é não trazer rigorosamente nada de novo no âmbito da sua filmografia. Tal constatação pode justificar-se pelo facto de Wong Kar Wai ter feito este filme para um público que não o conhece e, nesse aspecto, quem descobrir o cineasta com este filme será sem dúvida brindado com histórias de amor filmadas e contadas como raramente viu. Mas para o conhecedor do seu cinema, “My Blueberry Nights” é uma pálida cópia dos grandiosos momentos de emoção que já tivemos o prazer de descobrir com os seus filmes anteriores. Assim, “My Blueberry Nights” desfruta-se com um distanciamento um pouco prejudicial e passamos pelas histórias e problemas de vida das várias personagens sem grande implicação emocional.

Mas, em defesa do filme e em comparação com o ensaio falhado “2046”, temos de reconhecer que o realizador reencontra aqui uma saudável coerência narrativa e, sobretudo, uma autenticidade com uma verdadeira história e verdadeiras personagens, longe da artificialidade do seu filme anterior tão profundo como uma publicidade Chanel. Filmado com o savoir-faire habitual e, pela primeira vez sem o Director de Fotografia Christopher Doyle desde “Days of Being Wild”, substituído pelo não menos dotado Darius Khondji (“Delicatessen”, “La Cité des Enfants Perdus”, “Seven”, “Panic Room”), “My Blueberry Nights” tem de ser visto como o início de uma nova fase da carreira de Wong Kar Wai, mais banal e abordável mas bem superior às propostas ocidentais do género. Com alguma indulgência que o cineasta nos merece, queremos acreditar com este “My Blueberry Nights” que Wong Kar Wai está na via da recuperação e não abandonamos por completo a esperança de rever um dia o chinês fazer um filme tão poderoso como “In the Mood for Love” por exemplo (ah, esses olhares tão implicativos, esses não ditos tão evocativos!). Será já com o seu próximo “The Lady from Shanghai”? Esperemos bem que sim.

- “La Habitación de Fermat” de Luis Piedrahita e Rodrigo Sopeña:
Infelizmente muito mal distribuído (2 salas a nível nacional), ainda não tivemos oportunidade de descobrir uma das sensações do último Fantasporto, onde arrecadou o prémio de Melhor Argumento na Secção Oficial Cinema Fantástico e o importante prémio Meliès d’Argent.
“La Habitación de Fermat” da dupla espanhola Luis Piedrahita e Rodrigo Sopeña foi sem dúvida uma surpresa no Fantasporto 2008, estando inicialmente na sombra dos seus compatriotas “[Rec]”, “El Orfanato” ou o grande esquecido do palmarés “Los Cronocrimenes”. A perícia e vitalidade do cinema de género espanhol já não precisa de apresentação e “La Habitación de Fermat” poderá ser mais um representante desse estado de facto.
Também escrito pela dupla, o filme conta a história de 4 matemáticos, que não se conhecem uns aos outros, convidados por um misterioso anfitrião sob o pretexto de resolver um complexo enigma. Fechados num quarto que se revela uma mortífera cilada, encolhendo progressivamente à medida que o tempo passa, o grupo improvisado deverá encontrar muito rapidamente o que os conecta e quem poderá ter interesse em matá-los, sob pena de ser literalmente esmagados pelas paredes do quarto.

Relembrando “Cube” de Vincenzo Natali com o seu argumento paranóico e claustrofóbico, as suas personagens forçadas a trabalhar em grupo, as suas enigmas por resolver e o seu único cenário, “La Habitación de Fermat” é daqueles pequenos filmes cujo orçamento microscópico tenta ser compensado por uma realização funcional que tira proveito de todos os recantos do seu cenário único e, sobretudo, por um argumento engenhoso que reserva o seu lote de surpresas.
O filme tem assim beneficiado de um pequeno buzz bastante favorável, se bem que não tanto como algum dos seus semelhantes predecessores ou compatriotas à partida mais arrojados. Como é sempre bom apoiar este tipo de projecto modesto e geralmente respeitoso do género e dos espectadores, é com alguma expectativa que iremos descobrir o filme. O que nos faz pensar mais uma vez como é possível não existirem projectos deste tipo em Portugal, eis um verdadeiro enigma!

- “Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull” de Steven Spielberg:
Dizer que este filme era esperado, é de uma evidência flagrante. E de certeza que muitos de vocês, como nós aliás, já terão ido a correr ver o que é que o 4º episódio de uma das mais amadas sagas da 7ª Arte nos reservava.
O filme já estreou em Portugal e no mundo inteiro precedido de uns rumores particularmente desfavoráveis, descrevendo o filme como uma das maiores desilusões da história, comparável à desilusão vivida com a descoberta do “Star Wars: Episode I – The Phantom Menace” de George Lucas. Convém, antes de tudo, contrariar estas afirmações que nada têm a ver com a realidade.
Primeiro ponto, sim, “Indiana Jones 4” é uma desilusão quando comparado com os filmes anteriores, sobretudo os 2 primeiros. Segundo ponto, não, “Indiana Jones 4” não é um mau filme e em nada se compara ao terrível sentimento experienciado com “The Phantom Menace”. É inegável que este 4º filme da saga “Indiana Jones” apresenta defeitos surpreendentes, nomeadamente a nível do argumento, resultando no filme mais fraco da saga.
É de conhecimento geral que arranjar um argumento para o filme foi um processo complicado, tendo sido requerido a intervenção de vários grandes nomes de Hollywood como Tom Stoppard, M. Night Shyamalan ou Frank Darabont. Este último viu o seu trabalho, unanimemente reconhecido como excelente, rejeitado por George Lucas, que acabou por escrever ele próprio uma história em parceria com Jeff Nathanson, autor que já tinha trabalhado com Steven Spielberg em “Catch Me If You Can” e “The Terminal”. Por fim, coube a David Koepp, talentoso mas inconstante argumentista de “Carlito’s Way”, “Spider-Man e “War of the Worlds”, elaborar o screenplay definitivo, recuperando várias ideias abandonadas de anteriores drafts.

E estas complicações e misturadas de várias versões prejudicam fortemente a narrativa do filme para além de que o mistério escolhido não é de facto a opção mais acertada. Assim, todo o início do filme até ao começo da busca do Indy acompanhado do jovem Mutt está especialmente bem esgalhado. Cena introdutória eficaz na acção e na apresentação das personagens, contexto da época (aqui os anos 50 com a guerra fria e a caça às bruxas) bem caracterizado, tema da velhice do herói e da perda de alguns entes queridos bem introduzido, ritmo narrativo nervoso e elevado. A isso tudo, se juntarmos a realização como sempre impecável de Steven Spielberg (veja-se a primeira cena do filme com uma fluidez de planos alucinante, a acção do armazém filmada old school e a ressuscitar sem falhas o mito Indy, a perseguição de mota ultra eficaz), o filme não poderia começar melhor.
Entrando no coração da história e na busca da famosa caveira de cristal, as coisas infelizmente complicam-se. O filme não mantém o ritmo endiabrado, torna-se verboso e explicativo, esquece-se dos temas introduzidos na primeira parte e transforma-se num serial de aventuras menos convincente que sobrevive graças à mestria técnica de Spielberg, à qualidade da generalidade do elenco (sobretudo Harrison Ford) e à nostalgia que se apodera de nós até ao final do filme. Apesar de progressivamente o espectador se desinteressar da história principal, que não foi sem dúvida a escolha mais feliz, Spielberg salva o filme com uma série de cenas antológicas, exageradas e inverosímeis à boa maneira da saga, e de uma interacção entre as diversas personagens jubilatória (as discussões constantes entre Indy e Marion, a química evidente entre Indy e Mutt).
No final, e a diferença fundamental entre este “Indiana Jones 4” de Steven Spielberg e “The Phantom Menace” de George Lucas, é que Spielberg nunca trai a essência da famosa saga, preservando o ambiente visual (excelente trabalho de Janusz Kaminski em reproduzir a fotografia de Douglas Slocombe nos 3 primeiros filmes), o carácter das personagens e o sentido de espectáculo que estamos no direito de esperar de um tal filme, em suma exactamente o contrário do péssimo trabalho de George Lucas na destruição imperdoável da saga “Star Wars”.
E, apesar de todos os evidentes defeitos do filme, convém relembrar que o anterior “Indiana Jones and the Last Crusade” estava longe de ser perfeito e que, mesmo assim, este 4º episódio é largamente superior à média dos toscos blockbusters que Hollywood tem produzido nos últimos anos. Só por isso...

Relativamente ao último filme deste mês que nos interessou, “Triangle” de Tsui Hark, Ringo Lam e Johnnie To, o mesmo pareceu-nos merecer uma crítica digna desse nome, portanto podem no post a seguir descobrir o que é que achamos deste autêntico filmaço.

Ficamos então desde já com encontro marcado no sítio do costume para falarmos do mês de Junho que nos irá trazer uma quantidade de filmes muito esperados como “Before the Devil Knows You’re Dead”, “The Happening”, “El Orfanato” ou ainda “Speed Racer”. Stay Tuned!

NIFFF 2008: primeiras notícias

Como é do conhecimento dos fãs atentos de cinema fantástico e de terror, o Festival International du Film Fantastique de Neuchâtel ou NIFFF prepara-se para mais um edição este ano. O jovem Festival suiço, que irá celebrar a sua 8ª edição de 1 a 6 de Julho 2008, tem ganho progressivamente um renome interessante com cartazes cada vez mais de qualidade, cheios de diversidade e de antestreias esperadas.
Se o cartaz de 2008 ainda não foi revelado, já sabemos que irão ser organizadas 2 retrospectivas imperdíveis para o fã de cinema de género. A primeira intitula-se "Profondo Giallo", retrospectiva indispensável da idade de ouro do giallo, género italiano altamente visual e visceral, onde será possível descobrir ou redescobrir alguns dos melhores filmes dos mestres do género como Mario Bava, Dario Argento, Riccardo Freda, Massimo Dallamano ou Franceso Barilli.
A segunda propõe-se homenagear o infelizmente pouco conhecido mas não menos incontornável cineasta japonês Nobuo Nakagawa, um dos pais do cinema fantástico nipónico e do yurei eiga em particular (filme de fantasmas), um autêntico precursor do género desde os anos 50. Filmes como os indispensáveis "The Ghost of Kasane", "Black Cat Mansion", "The Ghost of Yotsuya", "Jigoku" e "Snake's Woman Curse" deverão marcar presença.
Logo que haja mais informação sobre o aguardado cartaz do NIFFF 2008, estaremos de regresso com mais notícias.

"The Curious Case of Benjamin Button": o rejuvenescimento de David Fincher

Um novo filme de David Fincher é sempre grandemente esperado e este talentoso formalista, autor de "Alien 3", "Seven", Fight Club" e "Zodiac", estará de regresso no próximo mês de Dezembro com "The Curious Case of Benjamin Button", adaptação do clássico de F. Scott Fitzgerald que conta a estranha história de Benjamin Button, um homem cuja evolução é contrária a do comum dos mortais, tendo nascido velho e rejuvenescendo ao longo que o tempo vai passando.
Um primeiro trailer, neste caso espanhol, foi revelado na Net e a pressão acabou de subir drasticamente frente à qualidade das imagens e do ambiente que Fincher nos promete. Com um clima de fantasia omnipresente, este drama humano cheio de ensinamentos sobre a nossa complexa e torturada natureza deverá constituir mais uma prova da maturidade do cineasta, após a obra-prima "Zodiac". Preparem-se para mais uma lição de realização e um forte impacto emocional do romance trágico entre Brad Pitt e Cate Blanchett.
Fiquem então atentos porque iremos falar de certeza novamente deste muito aguardado "The Curious Case of Benjamn Button", quando um trailer em inglês e com melhor qualidade de imagem aparecer. Basta clicar no poster acima para aceder ao trailer.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

"The Good, the Bad and the Weird": western spaghetti coreano

Esperávamos há já algum tempo um trailer deste "The Good, the Bad and the Weird", apresentado em Cannes este ano. Finalmente, aqui está ele e dizer então que estamos ansiosos por descobrir o filme, é um eufemismo!
Realizado por um dos melhores cineastas sul-coreanos em actividade, Kim Jee-Won, autor dos excelentes "The Quiet Family", "A Tale of Two Sisters e "A Bittersweet Life", "The Good, the Bad and the Weird" é um evidente tributo ao mítico Sergio Leone.
Todavia, este apetitoso trailer deixa bem claro que não vamos ter direito a uma palhaçada intragável do género "Sukiyaki Western Django" de Takashi Miike. Não, preparem-se para uma homenagem respeitosa e realizada com o estilo virtuoso de Kim Jee-Won.
Aliás, o trailer é excelente na apresentação das 3 personagens principais através de um cena idêntica, o assalto de um comboio. Primeiro, um estilo frenético e acrobático, quase cartoonesco, para o The Weird (interpretado por Song Kang-Ho, melhor actor sul-coreano actual). Segundo, um estilo icónico e pousado para o The Bad (interpretado pelo carismático Lee Byung-Hun). Por fim, um estilo badass e misterioso para o The Good (interpretado pelo excelente Jung Woo-Sung).
Resta esperar que o filme consiga chegar a Portugal, à semelhança dos 2 filmes anteriores do realizador, apesar de terem estreado fora de horas.

terça-feira, 20 de maio de 2008

"Encarnação do Demónio": cinema trash brasileiro

O célebre José Mojica Marins, mais conhecido como Zé do Caixão, está de regresso atrás das câmaras após uma ausência de cerca de 30 anos. Agora com uns respeitáveis 72 anos de idade, o pai do terror trash brasileiro está de volta com "Encarnação do Demónio", onde o terrível Zé do Caixão vai continuar a sua busca da mulher perfeita para ter o seu filho.
Ficam aqui então 2 belos trailers (clicar no poster para ver o 2º), onde o gore mais doentio associa-se ao gótico mais tradicional, demonstrando toda a vitalidade do veterano cineasta, sem dúvida um dos grandes ainda vivos da série B provocadora e inventiva. E nós, quem temos? Manoel de Oliveira! Sem comentários...

"The Happening": poster internacional e red band trailer

Já falta pouco para descobrir o novo ensaio de M. Night Shyamalan, "The Happening", com estreia prevista em Portugal para 12 de Junho (paciência Shin_Tau).
Até lá fica aqui o novo poster internacional, no qual basta clicar par descobrir um red band trailer que dá a entender o porquê do filme ser rated R. Enjoy!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

"L'Instinct de Mort" e "L'Ennemi Public nº1"

Depois da foto de Vincent Cassel completamente transformado, o trailer! Isto promete, caraças!

domingo, 18 de maio de 2008

"J.C.V.D.": um kickboxer à beira de um ataque de nervos

A curiosidade da semana é o filme franco-belga "J.C.V.D." de Mabrouk El Mechri que foi recentemente exibido no Festival de Cannes.
Entre realidade e ficção, "J.C.V.D." apresenta-se como uma improvável mise en abîme da personalidade do actor Jean-Claude Van Damme que faz aqui de si próprio. De regresso à sua Bélgica natal, Jean-Claude Van Damme procura um pouco de calma e de sossego para poder esquecer os seus problemas pessoais, nomeadamente problemas com o fisco, o divórcio com a sua mulher que agora começou uma batalha pela custódia do seu filho e uma carreira no filme de acção em ponto morto. Mas, infelizmente para ele, não é nada disso que vai acontecer. Arranjando confusão num posto de correios, Van Damme acaba por protagonizar um assalto à mão armada com reféns pelo meio. O dia vai ser longo para o actor...
Deixamos aqui um link para vários teasers e um promo reel de um filme que aparenta proporcionar uma verdadeira reflexão sobre a personagem Van Damme e o seu rise and fall na indústria impediosa do cinema made in Hollywood como também um autêntico thriller com uma fotografia arrojada e um elenco de caras patibulares, sem esquecer o típico humor belga, geralmente negro e absurdo (remember o genial "C'est Arrivé Près de Chez Vous").
Um filme sem dúvida a descobrir e onde Jean-Claude Van Damme vai provar definitivamente que é um verdadeiro actor!

sábado, 17 de maio de 2008

"Missing": posters do novo filme de Tsui Hark

Destacámos o mês passado o trailer do novo filme do génio Tsui Hark, intitulado "Missing" e previsto para estrear nas salas chinesas no próximo dia 12 de Junho.
São agora vários posters que foram revelados na Net e, o menos que se pode dizer, é que mais uma vez nos espera um grande momento visual.
E para os cépticos que não imaginam o grande Tsui Hark a realizar uma história de amor, relembramos que um dos melhores filmes da sua filmografia, e do cinema de Hong-Kong tout court, chama-se "The Lovers" e é um poema visual e emocional inesquecível. Esperemos que "Missing" tenha um impacto similar.

(clicar na imagem para ver os 4 posters)

"Hellboy II: The Golden Army": new one-sheet

Ainda restam dúvidas?

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Sergio Leone forever

2 fabulosos posters para relembrar o Mestre:

quarta-feira, 14 de maio de 2008

"The Wolf Man": Benicio Del Toro em lobisomem

Já há algum tempo que se ouve falar do projecto da Universal para ressuscitar um dos monstros mais emblemático da sua célebre galeria, o lobisomem popularizado pelo assombroso Lon Chaney Jr. nos anos 40.
Assim, em 2007 com um argumento de Andrew Kevin Walker ("Seven", "Sleepy Hollow") posteriormente revisto por David Self ("Road to Perdition"), o estúdio contrata o promissor Mark Romanek, especialista do videoclip e realizador do interessante "One Our Photo" com Robin Williams. Rapidamente, a produção constitui um elenco notável: Anthony Hopkins, Emily Blunt, Hugo Weaving e sobretudo o grande Benicio Del Toro no papel principal.
Infelizmente, como acontece muitas vezes em Hollywood quando um autor se confronta às veleidades comerciais dos executives, Mark Romanek abandona o projecto, alegando as habituais divergências artísticas.
Entra então em cena o mais dócil e menos autor, mas competente tecnicamente, Joe Johnston, o antigo especialista de efeitos especiais ("Star Wars", "Indiana Jones"), próximo de George Lucas e Steven Spielberg, e agora realizador ("The Rocketeer", "Jumanji", "Jurassic Park III", "Hidalgo"). Com Johnston atrás das câmaras, lógico que o projecto perde um pouco do seu potencial mais negro e visceral para enveredar certamente em direcção de um filme mais clássico. Todavia e dando-se o benefício da dúvida, "The Wolf Man" parece contar com um argumento bastante sólido, o que conjuntamente com um elenco forte e o lendário Rick Baker nas maquilhagens, poderá no final reservar-nos uma agradável surpresa ao reavivar a nostalgia desses soberbos filmes góticos da Universal, nestes tempos de frenesim visual e look MTV.
Em conclusão e esperando-se o primeiro trailer antes da estreia prevista para 3 de Abril 2009 nos USA, fica o plot do filme que foi revelado esta semana:
Lawrence Talbot, um aristocrata inglês (Benicio Del Toro), regressa à sua terra natal para a mansão familiar, que deixou após a morte da sua mãe, onde reencontra o seu pai, Sir John (Anthony Hopkins). Mas o seu regresso deve-se a uma razão especial: o seu irmão desapareceu, deixando a sua noiva Gwen (Emily Blunt) arrasada. Decidido a ajudar nas investigações, Lawrence descobre que vários habitantes da aldeia foram devorados por um misterioso animal que Abberline (Hugo Weaving), um inspector de Scotland Yard, tem tentado apanhar sem sucesso. Secretamente apaixonado por Gwen e suspeitando que a criatura em questão, vislumbrada na floresta nas noites de lua cheia, seja o seu irmão, Lawrence percebe que só ele próprio poderá capturar a criatura, arriscando-se a acordar inconscientemente o animal que se esconde dentro dele...

"The Dark Knight": uma visitinha de Two-Face

Eis o que nos poderá esperar no final do aguardadíssimo "The Dark Knight" de Christopher Nolan. Pretty cool!

terça-feira, 13 de maio de 2008

"L'Instinct de Mort" e "L'Ennemi Public nº1"

To be continued... Keep watching!

segunda-feira, 12 de maio de 2008

"The X-Files: I Want to Believe": The truth is out there

Terminada desde 2002 após 9 longas temporadas, a série "The X-Files" de Chris Carter (Ficheiros Secretos em português) está prestes a ressuscitar no grande ecrã. Após um primeiro filme em 1998, é o próprio Chris Carter que está atrás das câmaras deste "The X-Files: I Want to Believe" preparado para estrear a 25 de Julho nos Estados Unidos e 7 de Agosto nas salas nacionais.
Para variar, não se sabe nada do plot, apesar de já ter supostamente escapado para a Internet o argumento completo do filme. Fala-se de lobisomens, fala-se de uma relação amorosa entre Mulder e Scully, fala-se de muita coisa como sempre. E não é o trailer que nos vai esclarecer!
Temos de admitir que aquando do anúncio deste novo filme da série que marcou para sempre a história da televisão (pelo menos nas 5 primeiras temporadas, as restantes é outra loiça), o nosso entusiasmo não ficou particularmente em alta, tipo aqueles projectos que nem aquecem nem arrefecem. Daí que este primeiro trailer enigmático e bastante movimentado tenha surpreendemente reavivado a nossa memória e assim relembrado o quanto ansiávamos por mais um episódio da nossa série favorita.
É portanto com bem mais pica que vamos aguardar pela estreia deste thriller sobrenatural que parece destilar um ambiente crepuscular e o clima de mistério paranóico próprio ao universo de Mulder e Scully. Inesperadamente, We Want to Believe too!

"Star Wars: The Clone Wars": o mito ainda está vivo?

Sem dúvida uma pergunta legítima quando se pensa no terrível choque provocado pela nova trilogia dirigida de mão de ferro pelo tirano e senil George Lucas, o outrora artista visionário agora transformado no carrasco do mito que ele próprio criou. A maior desilusão cinéfila de todos os tempos, totalmente imperdoável!
Mas como a nossa alma de geek é imortal, qualquer coisa que possa fazer renascer à esperança relativamente ao mito "Star Wars" (não se esqueçam que muitos de entre nós, a geração 30's, deve a sua paixão pelo cinema a primeira trilogia), merece que se perca um pouco de tempo à falar dela.
Assim, destacamos o primeiro trailer do desenho animado "Star Wars: The Clone Wars". Mesmo se o universo gráfico e o essencial das linhas narrativas da horrenda nova trilogia continuam a marcar presença, pelo menos o trailer tem mais ideias de realização do que os Episódios I, II e III reunidos. Só por isso, poderá valer a pena dar uma olhadela a este filme de animação, aparentemente generoso em acção e peripécias, certamente mais épico do que... enfim, vocês perceberam a ideia! Resta esperar que o déspota George Lucas não tenha tido muito intervenção aqui e tenha acompanhado o projecto in a galaxy far, far away...

sábado, 10 de maio de 2008

"W.": o anti-"World Trade Center"?

Depois de um patriótico e contido, embora excelente, "World Trade Center", será que Oliver Stone está de volta à ferocidade e à polémica com "W.", filme sobre a presidência contestada de George W. Bush, o seu terceiro ensaio sobre um presidente americano depois de "JFK" e "Nixon"? Esperemos que sim, Oliver Stone nunca é tão bom como quando retrata e analisa os podres e as contradições do seu país. Agora ficamos à espera do trailer.

(Josh Brolin irreconhecível!)

sexta-feira, 9 de maio de 2008

"Cannibals" by Ruggero Deodato

O criador do reality-cinema com o seu polémico "Cannibal Holocaust", que inspirou filmes como "Evil Dead Trap", "The Blair Witch Project", "Cloverfield" ou "[Rec]", Ruggero Deodato regressa ao ecrãs de cinema com a inesperada sequela do seu filme de culto. Intitulado "Cannibals" e passando-se desta vez na cidade, o realizador italiano está bem decidido a aproveitar a moda dos filmes de terror-documentários e reclamar assim o seu trono de pai desse sub-género. Mas ainda vamos ter que esperar muito para ver o resultado!

"Two Lovers": James Gray in love

Após um "We Own the Night" que provou mais uma vez o seu grande talento, James Gray irá apresentar o seu quarto filme no próximo Festival de Cannes. Intitulado "Two Lovers" e com novamente Joaquin Phoenix no papel principal, o cineasta abandona pela primeira vez as histórias de crime para enveredar pelo drama amoroso, sem todavia deixar de lado o seu assunto de predilecção, a família.
Enquanto o trailer não chega, eis aqui uma galeria de fotos do filme, bastando clicar na imagem para aceder à mesma.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

domingo, 4 de maio de 2008

Estreias de Maio: os filmes a ver (1ª parte)

Como referíamos na nossa rubrica do mês passado, este mês de Maio está recheado de estreias mas, olhando bem para os filmes em questão e partindo do pressuposto que não haverá alterações até ao final do mês (deve ser!), quantidade não quer dizer qualidade. Assim, em 12 filmes de potencial interesse, só há apenas 2 filmes indispensáveis este mês e outros 2 que mereçam à partida que se vá ao cinema descobri-los. O restante divide-se entre desilusões garantidas ou verdadeiras incógnitas que, no melhor dos casos, poderão revelar-se pequenas surpresas dignas de serem vistas em DVD.
Nesse contexto, “Iron Man” de Jon Favreau, “Cashback” de Sean Ellis, “P2” de Franck Khalfoun, “Reservation Road” de Terry George, “The Forbidden Kingdom” de Rob Minkoff, “Run FatBoy Run” de David Schwimmer, “Pathology” de Marc Schoelermann e “Cleaner” de Renny Harlin fazem parte a diversos níveis dessa última categoria que referimos.

“Iron Man” de Jon Favreau, que é já um mega sucesso de bilheteira com sequela pronta para fazer, é um filme que normalmente deveríamos defender. Mas, tendo em conta os patéticos trailers e as críticas muito positivas (a comparar o filme com o “Spider-Man” de Sam Raimi, então não!?! E eu sou o Pai Natal!) dos profissionais que não percebem nada disto, francamente ainda não tivemos coragem de ir ver o filme ao cinema. Para quem leva a sério a mitologia dos super-heróis, é difícil acreditar que o filme de Jon Favreau seja bom, para além de que não somos particularmente fãs do habitual show-off do Robert Downey Jr..
Relativamente a “Cashback” de Sean Ellis, adaptação em longa da sua curta-metragem homónima, também temos dúvidas que o realizador consiga escapar ao sindroma do ensaio arty e pseudo-intelectual. Todavia, a curta-metragem em questão estava bastante bem conseguida, Ellis tem algum talento formal, resta saber se esta longa era verdadeiramente necessária.

O “P2” de Franck Khalfoun tem produção e argumento da dupla Alexandre Aja e Gregory Levasseur, vindo dos Estados Unidos com péssima reputação. O trailer tinha a sua eficácia, portanto o filme tem potencial para satisfazer os fãs incondicionais de cinema de terror mas tem todo o aspecto do direct-to-DVD.
“Reservation Road” de Terry George é mais um daqueles falsos thrillers que na realidade são dramas onde o pathos mais lacrimal é rei. O único interesse a priori vem do elenco, nomeadamente Jennifer Connelly, Joaquin Phoenix e Mark Ruffalo. A experimentar para quem gostar do género.

“The Forbidden Kingdom” é mais um filme americano onde Jet Li e Jackie Chan se comprometem. Os fãs de filmes de artes marciais sempre sonharam ver um dia estes dois monstros sagrados do cinema de Hong-Kong enfrentarem-se no grande ecrã. Os americanos dão-nos então um filme para putos onde a personagem é um fedelho transportado para um tempo antigo e mágico. Sem comentários.
A comédia do mês é “Run Fatboy Run” do “friend” David Schwimmer com o indispensável Simon Pegg no papel principal. O filme não deverá ser transcendente mas qualquer fã do grande actor de “Shaun of the Dead” e “Hot Fuzz” (já perceberam somos fãs!) poderá ter interesse em descobrir o seu último filme, sendo admissível esperar pelo DVD.

Por fim, temos “Pathology” de Marc Schoelermann e “Cleaner” de Renny Harlin. O primeiro parece um remake não confessado do interessante slasher germânico “Anatomie” de Stefan Ruzowitzky. Infelizmente cheira-nos a filme oportunista com as belas caras do momento no elenco e um argumento da dupla de “Crank”. Pois, é assustador, eu sei. O segundo é o novo filme do finlandês imprevisível que tem tido uma filmografia pavorosa ultimamente (“Driven”, “Mindhunters”, “Exorcist: The Beginning”, “The Covenant”). Todavia, “Cleaner” parece um filme um pouco mais contido e o seu elenco é interessante (Samuel L. Jackson, Ed Harris, Luis Guzmán, Robert Forster e Eva Mendes). Apesar do seu argumento banal, é possível que “Cleaner” seja um pequeno passo no caminho da recuperação para Renny Harlin. A descobrir eventualmente em DVD.
Por agora é tudo (clicar nos posters para ver os respectivos trailers) e, em breve, falaremos então dos filmes que nos interessam mesmo neste mês de Maio, ou seja, “My Blueberry Nights” de Wong Kar Wai, “La Habitación de Fermat” de Luis Piedrahita e Rodrigo Sopeña e, sobretudo, o aguardadíssimo “Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull” de Steven Spielberg assim como o imperdível “Triangle” do trio Tsui Hark, Ringo Lam e Johnnie To.

sábado, 3 de maio de 2008

"Babylon A.D.": finalemente o primeiro teaser

O meu filme mais esperado do ano (o meu nickname não deixa dúvidas sobre isso), "Babylon A.D." de Mathieu Kassovitz, adaptação complicada do livro de ficção científica "Babylon Babies" de Maurice G. Dantec, revela finalmente as suas primeiras imagens através de um demasiado curto teaser que sabe a pouco mas que dá furiosamente vontade de descobrir o filme o mais rápido possível.
Não percam isto e marcamos desde já novo encontro aqui com o full trailer que já não deverá demorar muito, ocasião na qual falaremos mais ao pormenor da conturbadíssima produção (mais de 5 anos com o budget e o planning ultrapassados!) deste muito aguardado novo filme do sobredotado realizador de "La Haine" e "Les Rivières Pourpres".

"Sauna": update com o novo trailer

Destacamos a semana passada o teaser de "Sauna" do finlandês Antti-Jussi Annila, mais uma proposta de terror promissora vinda do Norte. Após extasiarmo-nos com as primeiras imagens do filme, eis que o indispensável Twitch disponibilizou um primeiro trailer bem mais longo. O resultado dispensa palavras, resta esperar que o filme esteja à altura.

"GallowWalker": o guilty pleasure da semana

(clicar na imagem para ver o trailer)

"The Mutant Chronicles": "Starship Troopers" clone?

Será que alguém se lembra de um promissor realizador britânico de cinema de género chamado Simon Hunter? Certamente que não, infelizmente.
Revelado com o low budget "Lighthouse" em 2000, survival de terror onde o cineasta compensava a banalidade do argumento por uma realização impressionante inspirada de Brian De Palma e John McTiernan (!!!), Simon Hunter foi contactado pelo célebre produtor Edward R. Pressman ("Sisters, "Phantom of the Paradise", "Conan the Barbarian", "Bad Lieutenant", "The Crow"), para o qual começa a pensar no 4º filme da moribunda saga "The Crow", prevendo uma história passada na Idade Média, mas o projecto não terá seguimento.
Somente em 2006 é que Simon Hunter inicia finalmente o seu 2º filme, "The Mutant Chronicles", um épico de ficção científica com argumento de Philip Eisner (autor do screenplay do space horror "Event Horizon") que se situa no século 23 e onde os recursos naturais da Terra foram esgotados por anos a fio de guerra entre 4 poderosas corporações. Mas quando aparece um novo e letal inimigo, os Necromutantes, a sobrevivência da humanidade só será possível com a aliança das 4 facções. A derradeira batalha para salvar o planeta está prestes a começar.
Contando com um elenco de nomes conhecidos (Thomas Janes, Ron Perlman, John Malkovich, Sean Pertwee, Devon Aoki), "The Mutants Chronicles" já está finalmente concluído após 2 longos anos de produção, dos quais 16 meses foram dedicados a uma monstruosa pós-produção. Ainda sem data de estreia prevista (só se sabe à partida que será em 2008) e sem trailer, “The Mutants Chronicles” tem se revelado ao conta-gotas, primeiro, através do seu site oficial (clicar na imagem abaixo) onde se pode ler a sinopse e o currículo de toda a equipa como também ver vários diários de produção e um teaser-trailer de 7 minutos que Simon Hunter realizou ainda em 2005 com muito poucos meios para vender o filme e mostrar a sua nota de intenção aos seus produtores e potenciais compradores. Remetemos também um link (clicar no poster de cima) para uma dúzia de fotografias do filme onde se descobre as personagens.
Com um look retro e dark, a promessa de batalhas e lutas bem carregadas em gore e um clima pós-apocalíptico pesado, é com muita expectativa, nós grandes fãs de filmes de ficção científica sérios e épicos, que aguardamos este “The Mutant Chronicles”, esperando-se que venha confirmar todo o potencial demonstrado por Simon Hunter no seu primeiro e único filme. Stay tuned para mais informações, logo que apareça o primeiro trailer.

"The Happening": a revolta do planeta por M. Night Shyamalan

Depois de ter caído do seu trono de wonder boy de Hollywood com um "Lady in the Water" unanimemente deitado abaixo, seja pelo público que o ignorou, seja pela crítica que o chacinou, M. Night Shyamalan regressa este ano com um novo filme, "The Happening".
Apesar de "Lady in the Water" ter-se revelado de facto um filme onde transparecia a megalomania do cineasta (o seu papel no filme de escritor que vai no futuro salvar a humanidade com a sua obra) e a sua vontade de ajustar contas com os profissionais que não apreciam o seu trabalho (o papel e o destino reservados à personagem do crítico), o que destoava sem dúvida de forma prejudicial e cínica com o tom de ingenuidade e de conto de fadas que impregna o filme, "Lady in the Water" não deixava no entanto de ser um belo filme, emocionante e superiormente realizado e interpretado, de um realizador que continua a ser um dos mais interessantes do cinema norte-americano actual.
Lógico então que o seu novo ensaio depois do seu primeiro verdadeiro insucesso era esperado com grande expectativa. E M. Night Shyamalan parece estar de volta em plena forma com um filme bem à maneira dele. Como sempre com os seus projectos, pouco sabemos de "The Happening", apenas que relata uma repentina epidemia de suicídios por todo o planeta, aparantemente provocada por uma planta, como se a Mãe Natureza tivesse decidido aniquilar de vez um ser humano mais parasita do que simples habitante de uma Terra que finalmente não lhe pertence. Acompanhando um casal em fuga (Mark Wahlberg e Zooey Deschanel), "The Happening" apresenta-se como um survival paranóico a uma escala planetária que, segundo insistentes rumores, deverá reservar um twist no seu final.
Os vários teasers e o novo trailer que chegou ontém à Net são muito promissores (várias imagens já ficam na cabeça), é portanto com grande curiosidade que vamos esperar até à estreia aparentemente mundial do filme, ou seja, dia 12 de Junho em Portugal. Wait and see!

quinta-feira, 1 de maio de 2008

"The Incredible Hulk": novo trailer

Estou cada vez com mais dúvidas sobre isto. What do you say?