Quando Tom Cruise precisa de regressar aos sucessos de bilheteira e às luzes da ribalta, acaba sempre por encomendar mais um episódio do franchise "Mission: Impossible" e é precisamente esse o problema.
Se o primeiro filme da saga continua, e de longe, o melhor de todos, é porque o actor-estrela não controlou a sua execução e o incontornável Brian de Palma conseguiu fazer o filme que queria. O mesmo não aconteceu com os filme seguintes sob tutela tirânica de Tom Cruise, decidido a fazer dos filmes "Mission: Impossible" um veículo inteiramente dedicado à sua glória.
Resultado, "Mission: Impossible II" de John Woo que deveria ter sido o ultimate actioner não passou de um filme frustrante, autêntico show off do Tom Cruise, com um argumento inexistente, acção PG-13 e um John Woo literalmente impedido de trabalhar à vontade.
Seguiu-se "Mission: Impossible III" dirigido pelo golden boy de Hollywood, J.J. Abrams, que quase conseguiu inverter a tendência mas a ilusão manteve-se só uma metade de filme. Apesar de uma realização convincente e de um elenco bem gerido, Tom Cruise aproveita um argumento particularmente falhado para retomar o ascendente e brindar-nos com uma última meia-hora mais do que improvável inteiramente dedicada à sua persona, destruindo o filme.
Dito isto, que esperar de um 4º episódio de "Mission: Impossible"? É de conhecimento geral que o actor perdeu parte da sua influência em Hollywood, atravessando actualmente um período conturbado da sua carreira. Se esse estado de facto poderá ser benéfico ou, ao contrário, ainda mais prejudicial ao filme, é um das grandes questões à volta desta produção.
Mas a grande incógnita é sem dúvida a presença de Brad Bird atrás das câmaras. O genial realizador de animação que nos deu "The Iron Giant", "The Incredibles" e "Ratatouille", faz aqui o seu primeiro filme live e é muito difícil de prever como será o seu trabalho e sobretudo quanta liberdade terá para o fazer. A produção continua a ser do Tom Cruise e do J.J. Abrams, a equipa técnica é sólida (Christopher McQuarrie no argumento, Robert Elswit na fotografia, Paul Hirsch na edição, Michael Giacchino na banda sonora) e o elenco bem escolhido (Jeremy Renner, Simon Pegg, Paula Patton, Michael Nyqvist, Josh Holloway, Léa Seydoux e Tom Wilkinson).
Tudo está portanto reunido para fazer um excelente blockbuster, aliás como sempre, e o trailer é particularmente eficaz, também como é habitual, resta descobrir o resultado final, esperando que Tom Cruise não meteu demasiado o bedelho e deixou Brad Bird expressar o seu evidente potencial. Estreia em Portugal: 15 de Dezembro.
(clicar no poster para aceder ao trailer)
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