Um dos nomes presentes no excelente cartaz do MOTELx 2011, "Little Deaths" é mais uma prova da extraordinária vitalidade do cinema de género britânico.
Sob a forma de 3 segmentos cujo tema central são as relações sexuais nas nossas sociedades modernas que viram ao pesadelo sangrento, o trio de realizadores Sean Hogan, Andrew Parkinson e Simon Rumley conseguiram fazer um projecto coerente, bizarro, extremista e particularmente incomodativo. Com baixo orçamento, cá está mais uma vez a prova que o que é preciso para fazer filmes interessantes são as ideias e o talento.
O primeiro segmento de Sean Hogan, "House and Home", apesar de se revelar simples a nível de realização, tem uma verdadeira ideia de curta-metragem que consegue explorar totalmente, tirando partido de ressonâncias sociais particularmente acertadas e que os cineastas britânicos têm nos habituado a dominar.
O segundo segmento de Andrew Parkinson, "Mutant Tool", é o mais duvidoso e obscuro a nível do seu argumento, o que o impede de ser verdadeiramente convincente. No entanto, consegue criar a nível visual um ambiente pesado e misterioso, por vezes no limiar da ficção científica cyberpunk com a descrição da criatura no centro da história, para além de todas as acções macabras dos vários protagonistas, nomeadamente uma espécie de Dr. Mengele, que acabam por instalar um clima estranho e perturbador relevante.
Mas o melhor está para o fim, o que é acertado num filme com vários segmentos por forma ao espectador ficar com uma melhor impressão global. De facto, "Bitch", o segmento de Simon Rumley é uma autêntica história doentia, agressiva e extremista. Totalmente realista, como tem vindo a ser a marca do realizador, apoiando-se numa estética simples de filtros maioritariamnte azuis ou vermelhos, Rumley conta a história de uma relação amorosa baseada em práticas sexuais humilhantes e "anormais" que levarão a uma vingança de um sadismo como raramente se viu. Particularmente incomodativo e impactante, o segmento de Simon Rumley deixa-nos numa posição bem inconfortável e valida sem equívocos, após "The Living and the Dead" e "Red White & Blue", a posição totalmente à parte deste twisted cineasta no cinema de género britânico e mundial.
Este "Little Deaths" é portanto uma bela surpresa e aconselha-se vivamente a não o perderem na edição deste ano do MOTELx, que felizmente tem vindo a trazer estas pequenas perólas para Portugal.
(clicar no poster para aceder ao trailer)
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