sábado, 2 de agosto de 2008

"Nightmare Detective II": off dream you are alone

O cineasta nipónico Shinya Tsukamoto ainda continua infelizmente desconhecido em Portugal, até por muitos fãs de cinema fantástico e de terror. Com apenas um filme editado em DVD nacional, o soberbo "Gemini", e algumas retrospectivas exibidas no Fantasporto, só os mais atentos tiveram o prazer de entrar no mundo perturbado e visceral de Tsukamoto.
É preciso ter consciência que Shinya Tsukamoto é considerado por muitos, e com toda a razão, um dos melhores realizadores japoneses de sempre, nada menos. Filmes como "Tetsuo", "Tokyo Fist", "Bullet Ballet", o já citado "Gemini", "Snake of June" ou o primeiro "Nightmare Detective" são a brilhante prova do imenso talento do cineasta, que se pode sem exagero assemelhar ao mestre da new flesh, David Cronenberg.
Misturando na perfeição inovação fílmica, caracterizando-se por uma câmara totalmente livre e preocupada em quebrar os seus limites físicos, com temáticas profundas sobre as dicotomias homem/cidade e corpo/mente, através de verdadeiras reflexões sociais e antropológicas onde o banal salary man japonês vai experenciar todo o tipo de sofrimento e de dor, Tsukamoto é o exemplo perfeito do realizador que actua plenamente no cinema de género, tirando o máximo partido da sua componente subversiva e reflexiva.

Portanto, cada novo filme de Shinya Tsukamoto é um evento, aguardado com uma impaciência não dissimulada. Previsto para estrear até ao final do ano no Japão, o seu novo projecto é a sequela "Nightmare Detective II". É a segunda vez que o cineasta realiza uma sequela, a primeira tendo sido com "Tetsuo II: Body Hammer". Sabemos que Tsukamoto não gosta de se repetir mas sim de explorar mais além um universo rico e que permite enveredar para novos caminhos, como foi o caso com a sequela de "Tetsuo".
O trailer de "Nightmare Detective II" traduz exactamente isso. O primeiro filme apresentava-se quase como um thriller fantástico para progressivamente transformar-se num puro filme de terror gore, sempre parasitado por um vaivém entre o sonho e a realidade. Neste segundo filme, as imagens deixam antever um filme aparentemente pós-Ringu, mais pousado e subtil no terror. Não seria de admirar que Tsukamoto explorasse agora uma vertente mais cerebral e aprofundasse a temática da fronteira ténua entre o real e o irreal, explodindo os limites do yurei eiga tradicional. Pelo menos, visualmente, o filme prepara-se mais uma vez para ser alucinante. Será desta que um filme do one and only Shinya Tsukamoto chega a Portugal distribuído como deve ser?

1 comentário:

Marisa Borges disse...

Fonix...será que poderei alguma vez mais voltar a dormir em paz depois de ver este filme!?! Se só de ver o trailer já é o que é, o que será com o longo filme...